Bate-Papo, Sabático, Sua Viagem

Você daria a volta ao mundo de bicicleta?

Uma volta ao mundo em bicicleta faz com que todas as minhas viagens em classe econômica de avião, ônibus de segunda classe e me hospedando em hostels pareçam viagens de luxo. E se a viagem não for só o destino? Se toda a graça estiver no caminho?

Pablo Dadalti, um mineiro de 30 anos, engenheiro mecânico, me ensinou isso numa conversa super bacana que eu trago aqui para vocês. Ele trabalhou durante 4 anos numa empresa de projetos navais. A trajetória profissional dele é a dos sonhos de muita gente. Ele estava cotado para ser gerente em breve, e tinha sido escalado para um projeto no Japão, onde ficaria por 6 meses.

Pablo Dadalti em sua bicicleta

Pablo Dadalti em sua bicicleta

Ao invés de aceitar, ele pediu demissão. “Eu era a promessa da empresa, mas estava vivenciando de perto todo o stress do mundo corporativo. Fui muito sincero com eles: disse que não queria ser gerente, que eu gostava mesmo era da área técnica, mas que eu iria pedir demissão“. E foi rodar o mundo de bicicleta. Já passou pela Europa e agora está na América Latina.

 

Como a viagem começou?

Eu tinha alguns amigos que já tinham viajado de bike, então me encantei. No meio do ano passado comecei minha viagem pela Europa, mas não deu muito certo, fui sem planejar nada, e não tinha nenhuma experiência. A Europa é muito cara também!

Então na Europa eu cruzei Itália, Croácia, Monte Negro, um pedaço da Bósnia e Albânia. Eu não tinha lido um livro de cicloturismo sequer, passei várias noites em Mc Donald´s 24 horas. Não sabia que os cicloturistas em geral passam a noite em bombeiros, cruz vermelha, escolas. Eu corri riscos.

 

Que riscos?

Eu dormia em qualquer lugar, parques, praças. Não deixa de ser história para contar, mas quem falar que isso é bom está mentindo. É ruim! Dormir em um banco de praça ao léu.

Teve um dia que eu já tinha pedalado pela Croácia em direção à fronteira com Bósnia, quando parei numa tenda de frutas na estrada. Lá trabalhava um rapaz bem jovem que não falava inglês então, como eu já havia pedalado bastante, fiquei por lá com ele.

A gente não conseguia se comunicar bem, então passamos toda a tarde conversando por desenhos e mímicas. Cara super gente fina, ficou me dando frutas de presente, melhor pêssego que já comi na minha vida! Ficamos muitas horas conversando até a hora dele fechar a tenda, e eu ajudei a fechar. Consegui perguntar se poderia acampar na tenda, ele deixou acampar atrás dela e me deu um tonel de água pra eu me banhar.

Barraca de Frutas na Croácia

Barraca de Frutas na Croácia

Fiquei por lá e começou a anoitecer, então começou um movimento muito forte de estranhos no local. Aí me mandei pra vila que era do lado e dormi num banco de praça que ficava em frente o mar.  No final escrevi um recado em três línguas pro rapaz da tenda de frutas agradecendo e coloquei debaixo da porta da tenda quando fui embora pegar estrada no dia seguinte. Isso, mostra a melhor coisa de viajar em bike: as pessoas, o contato forte e amoroso com as pessoas locais que sempre te ajudam.

Aí eu decidi voltar para o Brasil e me replanejar. Li um livro de cicloturismo, Pelos Caminhos de Nuestra América Latina e me mandei pro México.

 

E na América Latina?

Com o tempo, a viagem foi se tornando parte do meu cotidiano, passei a me sentir mais a vontade em hostels, bombeiros, cruz vermelha e casa de pessoas que me deram um teto mesmo que por apenas uma noite. Passei a me sentir parte de uma família por cada lugar que passava, me abri, chorei, sorri, brinquei e me diverti. Fiz amigos e me despedi com uma velocidade incrível, aprendi a lidar: com a dor da despedida, com a falta das pessoas que amo, saudades, a viver uma vida muito mais simples, com apenas um par de roupas, um fogareiro, uma barraca e um bike.  Todo aprendizado que tive nessa viagem até o momento, 20 anos de estudo não me ensinariam.

Pablo e sua amiga Brenda

Pablo e sua amiga Brenda

Teve um dia que eu estava na (estrada) Panamericana e avistei uma senhora que me pediu para parar. “Quer umas bananas?!” Olhei para um lado e olhei para o outro, e respondi: “Sim, porque não”. Então ela me convidou para ir até sua casa para me presentear com as bananas, abacate com rapadura, 4 bananas e dizendo:

– Água fria não tenho porque aqui não tem geladeira mas pode pegar da torneira que sai fresquinha. Está com pressa?!

– Não…. porque?!
– Pq queria comprar uns ovos e fazer um almoço e te convidar, porque Deus me disse que temos que compartilhar, então vou compartilhar o pouco que tenho.

Aceitei e no final da história me presenteou também goiabas, mangostão (uma fruta típica) e queria me dar mais, mas já era muito peso para a bike. Saí de la feliz após um lindo abraço em Brenda e agradecido desse anjo ter cruzado em meu caminho!

 

Até quando você vai viajar?

Hahaha, a primeira pergunta que todos fazem.  Não tenho um destino, aprendi isso no meu caminho. Viajar de bike é ser livre, alguns ciclistas colocam metas, mas acredito que eles tem que aprender a viajar de bike. Viajar de bike é nao ter metas, o caminho é o mais importante!

A cada dia mudo tanto nessa viagem que é impossível! Aprendi a viver sem expectativas, sem pensar no futuro, viver o agora e aprender com o agora.

Colômbia

Colômbia

Qual é o seu conselho para quem quer fazer uma viagem parecida?

Ler um livro de cicloviagem, o resto você consegue ver depois. Existem muitos Homem Livre , Pelos Caminhos de Nuestra América, conversar com cicloturistas e saber como é. Perguntar sem vergonha onde dormiam, o que comiam, como era, se tomavam banho e etc.

Você deveria tentar viajar de bike e fazer parte dessa família linda que não para de crescer!

 

É preciso treinar muito?

Aprendi uma coisa muito importante na Guatemala: “Poco a poco”. Você pode fazer o que quiser numa bicicleta. Tem dias que eu pedalo 100 km, tem dias que eu pedalo 10. O importante não são os kilômetros por dia.

Pablo e os amigos de Viagem em uma Praia na Nicarágua

Pablo e os amigos de Viagem em uma Praia na Nicarágua

Nossa conversa durou muito mais ainda. Ele me disse que gasta em média 8-10 dólares por dia nesta viagem, e que na próxima etapa vai passar algum tempo viajando de bicicleta pelo Brasil e já está planejando seguir pela África e Ásia. Pablo já tinha o dinheiro guardado quando decidiu fazer a viagem, porque sempre foi muito simples e não gastava todo o salário que ganhava.

Me passou vários textos em sites, revistas e livros sobre cicloturismo. Acho que ele estava mesmo determinado a me convencer a me juntar aos cicloturistas! O que vocês acham?? Embarco nesta ou não???

 

Padrão
Bate-Papo, Pará

Turismo Comunitário na Amazônia, já ouviu falar?

Qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça quando ouve a palavra “Amazônia”? Na minha cabeça vem a imagem de um rio muito grande, muito grande mesmo, e um barquinho pequenininho perdido lá no meio. Nas margens longínquas, a floresta.

Sim, porque antes de visitar a região, eu pensava numa mata fechada e talvez em um dia-a-dia tipo reality show de sobrevivência na selva, mas estando lá você tem uma certeza: a Amazônia é água. Rios mais largos do que em qualquer outro lugar no mundo, não apenas na foz em delta, e sim em seu leito normal.

Os rios são as estradas e as ruas, e a beira dos rios é onde vivem as pessoas. Em comunidades consideradas próximas quando há “apenas” uma viagem de dois dias entre uma e outra. Pessoas que vivem do que a floresta os oferece, num lugar onde o tempo tem um ritmo próprio.

 

Conhecendo a comunidade da Ilha do Pesqueiro em Soure, Ilha do Marajó

Conhecendo a comunidade do Pesqueiro em Soure, Ilha do Marajó

Visitei a Amazônia duas vezes, a trabalho, para conhecer comunidades que ofereciam passeios turísticos. O Turismo de Base Comunitária sempre foi uma paixão, desde a época da faculdade. Na minha primeira viagem fui à mítica Ilha do Marajó, e conheci a capital Belém. Na segunda fui a Barcelos, em uma viagem de dois dias de barco Rio Negro acima, no Amazonas.

A floresta em si, seus animais, a majestuosidade dos rios são riquezas inegáveis. Mas nem só delas é feita a Amazônia. Ali vivem pessoas. Indígenas, ribeirinhos, brasileiros como nós. Que também gostam de futebol, que também discutem política, e que conhecem cada segredo da floresta. Pessoas orgulhosas de nos levar para conhecer os mistérios, contar os causos e cozinhar um peixe que acabou de ser pescado.

Eu sempre gostei de trabalhar com projetos de Turismo Comunitário por causa da relação mais justa com as comunidades. Ao invés de um cara de fora chegar no local, abrir os hotéis e restaurantes e levar o lucro todo dali, a comunidade é quem presta os serviços, e é ela quem fica com o lucro. Então a cultura local é valorizada, e é uma forma complementar de trabalho para quem mora no local.

Gabi e eu subindo o Rio Negro de barco - Amazonas

Gabi e eu subindo o Rio Negro de barco – Amazonas

Num evento de Turismo comunitário em Georgetown, na Guiana, eu conheci a Ana Gabriela Fontoura, ou como eu gosto de chamar, a Gabi. Uma paraense muito orgulhosa que dá aulas de dialeto pai d´égua a todos que conhece. Daquele encontro surgiu uma amizade, e já fomos a Foz do Iguaçu, de barco pelo Rio Negro e já nos encontramos em Belém e em Brasília.

Dia 5 de setembro, foi o dia da Amazônia. Também foi o aniversário do estado do Amazonas, o dia da Raça, e o dia em que a Estação Gabiraba, a agência de ecoturismo de base comunitária da Gabi completou 8 anos. Em comemoração a tudo isso, fizemos uma entrevista com a Gabi, para conhecer mais sobre a região e sobre esta forma alternativa de turismo!

 

Como são os passeios do Turismo Comunitário da Estação Gabiraba?

Rio Arapiúns em Santarém no Pará

Rio Arapiúns em Santarém no Pará

Os passeios são desenhados para promover a interação entre visitantes e moradores, ou seja, é feita para aproximar quem chega e quem recebe. A maioria das viagens envolve passeios de barco, pela dinâmica da nossa região ser baseada muito na relação com os rios.

As atividades que compõem os roteiros vão desde oficinas de artesanato, para aprender a tecer a palha, por exemplo, como remar em canoas regionais, tomar banho de iagarapé e em praia de água doce e ajudar a fazer a farinha de mandioca.

Em cada roteiro a hospedagem é feita de uma forma. Em alguns casos, hospedam-se nas cidades em hotéis e pousadas. Em outros, a acomodação é no barco ou nas próprias comunidades, em pousadas comunitárias ou casas de moradores.

Descansando depois do almoço em Boa Vista do Acará, próximo a Belém

Descansando depois do almoço em Boa Vista do Acará, próximo a Belém

A alimentação é feita pelos grupos das comunidades e são um ponto alto dos roteiros! As avaliações são sempre muito positivas em relação à este item, que é um diferencial por conta da gastronomia tão rica e deliciosa da Região Norte do Brasil, com uma infinidade de frutas, peixes e receitas próprias daqui.

Temos roteiros desde 1 dia ou 1 manhã até 21 dias. Além daquelas opções específicas de viagens que montamos para grupos educacionais ou empresas, por exemplo, que podem durar 1 mês ou mais.

“Minhas expectativas foram superadas. Queria conhecer uma comunidade que trabalha com turismo sem ser ter seus valores e modo de vida deteriorados. Não imaginei encontrar a alegria e brilho nos olhos que vi nas pessoas nem ser tão bem recebida.” (depoimento de turista)

Para onde são este passeios?

Oferecemos viagens para diversos destinos no Pará, Amazonas, Amapá, Acre, etc. Por exemplo, a partir de Belém, as pessoas podem conhecer as comunidades Boa Vista do Acará e Ilha de Cotijuba, para entender o cotidiano daqueles que moram na região ribeirinha da capital paraense. Ou saindo de Santarém, podem viajar de barco pelos rios Tapajós e Arapiuns e conhecer Alter do Chão e comunidades na Floresta Nacional do Tapajós e na Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns.

Ilha de Cotijuba, próxima a Belém do Pará

Ilha de Cotijuba, próxima a Belém do Pará

Qual é o toque especial das viagens que você oferece?

A Amazônia é vastamente conhecida pelos seus atributos naturais que, sem dúvida alguma, são ricos, diversos e impressionantes pela enorme beleza. Porém, a região é mais grandiosa ainda quando se trata das pessoas e das culturas locais. Nesse sentido, as viagens que organizamos tem como foco central a oportunidade de ir além da contemplação das paisagens e da vivência na natureza (importantes e também presentes nos passeios), aprofundando a ligação com as populações tradicionais e valorizando os seus modos de vida.

O toque especial é a relação de confiança estabelecida com os moradores e com todos os envolvidos no trabalho e o sentimento de pertencimento à Amazônia que permeia nossas ações.

Turistas e moradores em Boa Vista do Acará, Pará

Grupo da viagem a Boa Vista do Acará, Pará

 

Parabenizo a Estação pelo enfoque diferenciado dentro do trade turístico. O empenho e carinho colocados no trabalho são bem evidentes.” (depoimento de turista)

Porque você começou a Estação Gabiraba?

Atuo há treze anos na área de ecoturismo e uso público em Unidades de Conservação. Em 2007, quando tinha 24 anos, decidi empreender e fundei a Estação Gabiraba, uma operadora de ecoturismo de base comunitária que atua em parceria com populações tradicionais e organizações locais na região amazônica. Pois, já trabalhava com Turismo de Base Comunitária (TBC) e via que uma das maiores dificuldades era a comercialização das viagens de uma forma diferente, que envolvesse os moradores ativamente na gestão do turismo em seus espaços.

A ideia era mostrar que é possível atuar no TBC na iniciativa privada. Empreender na Amazônia não é tarefa fácil, ainda mais, sendo mulher. No início, as pessoas diziam que nosso modelo de negócio não ia durar mais de dois anos. Por isso, estamos super felizes em comemorar 8 anos de atuação.

Açaí no porto de Belém do Pará

Açaí no porto de Belém do Pará

Como fazer Turismo Comunitário em suas viagens?

O Turismo Comunitário ainda está crescendo no Brasil. Ainda é difícil encontrar informações turísticas sobre as comunidades e sobre os passeios que elas oferecem. Como a Gabi disse na entrevista, a maioria dos passeios é administrada por ONGs e Associações de moradores, que tem dificuldade de fazer a promoção e a comercialização. Mas tente procurar passeios assim em suas próximas férias, há comunidades recebendo turistas em todo o Brasil.

Na Amazônia, é só falar com a Gabi. Ela pode levar você para um dos passeios que ela citou, ou até mesmo fazer um roteiro sob medida para você e seus amigos. O contato com ela é pelo email contato@estacaogabiraba.com.br e pela página do facebook.

Vida longa à Estação Gabiraba! E para você, leitor, boa viagem!

Rio Tapajós em Santarém

Rio Tapajós em Santarém

Padrão
Bate-Papo, Sabático

30 países, 5 anos e a vida numa casa nômade

Sem poder mais abandonar a estrada, os jornalistas mineiros Renato Weil e Glória Tupinambás agora iniciam um novo projeto, a Casa Nômade, com qual pretendem percorrer as Américas. Eles perceberam – durante um mochilão de um ano e meio, que deu origem ao livro O Mundo em Minas – que o motorhome poderia ser uma forma de fazer turismo, desbravar lugares e conhecer culturas levando a cama e o restaurante juntos para onde fossem.

O casal nômade investiu as economias na montagem da casa sobre rodas e parte agora para a conquista de novos territórios, começando por Minas Gerais (na foto acima, em Sabará), passando por cerca de 30 países das três Américas.

Serão cinco anos de muito chão. Confira abaixo os detalhes da expedição com a Glória e veja as dicas que ela deu aos leitores do Planejo Viajar que sonham um sonho parecido.

O livro O Mundo em Minas será lançado amanhã no Memorial da Vale, em Belo Horizonte (MG), junto com uma exposição fotográfica que ficará em cartaz até 27 de setembro, com entrada gratuita.

Planejo Viajar – Como foi a preparação da Casa Nômade? 

Glória Tupinambás – Durante cinco meses, uma Mercedes Benz Sprinter 515, zero quilômetro, ficou confinada em uma oficina para se transformar no nosso lar. Dentro de uma carroceria baú de menos de 10 metros quadrados, coube, bem apertadinho, cama, banheiro, geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, armários, mesa, cadeira, baterias, geradores, placas de energia solar e até uma moto.

Mas o sonho de construir um motorhome nasceu há dois anos, quando fazíamos um mochilão pela Austrália. Lá, alugamos um motorhome para viajar pela Costa do Pacífico e descobrimos que, daquela forma, era possível fazer turismo levando o carro, a casa e o restaurante juntos em um só lugar. A partir dessa experiência, começamos a reunir nossas economias para construir um motorhome com o objetivo de viajar pelos próximos cinco anos, pelas três Américas.

P.V. – Usaram recursos próprios ou foi um projeto de alguma lei de incentivo

G.T. – Usamos recursos próprios para montagem do motorhome da Casa Nômade. Ao todo, nós investimos R$ 160 mil. O objetivo principal da nossa viagem pelas Américas é produzir um livro e, este sim, deve ter apoio da Lei de Incentivo à Cultura. Atualmente, estamos finalizando um outro projeto  – O Mundo em Minas – em que percorremos 59 países, dos cinco continentes, para fazer um paralelo com a cultura de Minas Gerais. Nesse caso, a produção do livro teve o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

P.V. – Como vocês conciliam as diferenças durante as viagens?

G.T. – Diferenças entre casal??? Sei que pode soar falso, mas eu e Renato quase não temos diferenças. Em 10 anos de convivência, nunca discutimos ou brigamos. Durante as viagens, conversamos muito para montar um roteiro interessante para os passeios e, quando surge alguma divergência de interesses, a gente negocia, cada um cede um pouco e acabamos chegando em um consenso, sem grandes tempestades.

A Casa Nômade chegando no Santuário do Caraça, em Santa Barbara.Serra do Caraca..santuario.

A Casa Nômade chegando no Santuário do Caraça, em Santa Bárbara (Foto: Renato Weil)

 

P.V. – Hoje muita gente tem vontade de largar tudo e viver viajando. Conciliar trabalho e viagem é realmente possível? É viável, financeiramente?

G.T –Como as férias ficaram pequenas para o nosso imenso desejo de viajar, decidimos fazer das viagens uma profissão. Mas essa decisão também implicou em uma mudança de padrões de vida. Nós alugamos um apartamento e um sítio para conseguir renda para viabilizar as viagens e cortamos de nossas vidas todo tipo de gasto supérfluo.

Todo o dinheiro antes gasto com roupas, sapatos, trocas de carro, reformas no apartamento, salão de beleza, etc, agora está canalizado para a Casa Nômade.

O motorhome é uma boa alternativa para fazer uma viagem de baixo custo. Apesar do investimento relativamente alto para a montagem, ele permite uma economia significativa em hospedagem e alimentação.

P.V. – Que conselhos dão para quem quer viabilizar o sonho de ser nômade, viajar e trabalhar ao mesmo tempo?

G.T. – Planeje-se! Antes de embarcar em qualquer aventura ou colocar o pé na estrada, é preciso ter um bom planejamento financeiro. Faça economias, reúna um bom pé de meia e vá em busca de um trabalho que lhe dê prazer. Ter essas garantias em mãos pode ser importante para dar estabilidade à pessoa até que o negócio deslanche.

PV – Sobre o livro que estão lançando, como chegaram ao resultado final?

G.T.– Viajamos por 59 países, dos cinco continentes, sem nenhuma pretensão de escrever um livro e sem aguçar o olhar para quaisquer semelhanças entre os lugares que visitávamos e a nossa terra, Minas Gerais. Mas, em uma dessas idas e vindas ao Brasil, o amigo e produtor cultural Dalton Miranda apontou para uma similaridade entre o Uluru (Ayers Rock), uma imensa rocha presente no outback Australiano, e um paredão de pedras na Serra da Canastra. A partir daí, ficamos fascinados com a possibilidade de buscar o elo que liga Minas à cultura de outros países. Assim nasceu o livro e a exposição fotográfica O Mundo em Minas.

Ao perceber que imagens e flagrantes captados nos lugares mais remotos do mundo remetiam ao que há de mais arraigado na cultura de Minas Gerais, a necessidade de buscar um paralelo entre o local e o universal se tornou uma verdadeira obsessão. Com um mapa de Minas nas mãos, nós dividimos o estado em dez regiões e visitamos mais de 100 cidades. E nessas viagens, nós comprovamos que culturas que, à primeira vista distantes de nós, vão, aos poucos, se aproximando de universos paralelos e com impressionantes afinidades. Esta correlação se faz presente em crenças, folclores, ofícios, paisagens, transações, meios de transporte…

Um exemplo de comparação feita no livro é Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG) com Myanmar (fotos abaixo): ” É na poeira das estradas de terra que Minas Gerais se revela ao mundo. Seja no rastro de cavaleiros de Santana do Araçuaí ou no charme rudimentar dos carroções de bois que cortam o sertão mineiro e fazem lembrar, com o ranger de suas rodas empenadas, a trilha sonora de Myanmar, um país que, depois de meio século fechado sob as mãos de ferro da ditadura militar, começa a sentir o sopro dos ventos da mudança.”

Foto: Renato Weil

Carroções de boi e um templo budista em Bagan, Myanmar, no Sudeste Asiático

 

Renato Weil 2014.Joaima-MG.Cavaleiros na estrada de santana do aracuai

Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais

 

Anote na agenda

Exposição O Mundo em Minas
De 12 de agosto a 27 de setembro de 2015

Horários

Terças, quartas, sextas-feiras e sábados: das 10h às 17h30

Quintas: das 10h às 21h30

Domingos: das 10h às 15h30

Onde

Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade, 640 – esquina com Rua Gonçalves Dias – Bairro Funcionários

(31) 3308-4000

www.memorialvale.com.br

 

Padrão
Bate-Papo

Rafael Fragoso: programador, empreendedor e nômade digital

Na série #trabalharviajando não poderia faltar um programador. A profissão que eu considero a menina dos olhos de qualquer aspirante a nômade digital chega com uma participação para lá de especial. O Rafael Fragoso, além de um amigo, é um grande parceiro! Nos conhecemos há poucas semanas e já temos vários projetos juntos.

O primeiro deles é o blog Nômades na Web. Essa semana o blog ganhou um design novo todo lindo! E o conteúdo que eu e o Rafael estamos publicando ajuda a responder perguntas que todos nós nos fazemos enquanto trabalhamos remotamente. Hoje causou a maior polêmica nas redes sociais com o post Ganhar mais de 14 mil todo mês? Como?

Quando não está fazendo planos para dominar o mundo, Rafael Fragoso trabalha como programador para uma startup americana (e ganha em dólares), participa de fóruns, dá palestras e está montando um curso de JavaScript para ensinar o que sabe a mais gente. Também tem uma namorada linda e um cachorro que mora com eles.

Simpático, né? Continue lendo para conhecer mais sobre ele.

Rafael Fragoso e Natália Amorim em Buenos Aires

Rafael Fragoso e Natália Amorim em Buenos Aires

Continuar lendo

Padrão
Bate-Papo, Sabático, Sua Viagem

Conheça a história do brasileiro está viajando o mundo há dez anos!

Rodrigo Guimarães de Souza. Como ele mesmo diz, um nome comum para um “cara” comum.

#SQN!!

Rodrigo já percorreu mais de 100 países nos últimos 10 anos, já foi soldado, instrutor de ski e snowboard, guia de mergulho, camareiro, estudante e milhares de outras coisas.

Aos 25 anos, ele percebeu que apesar de ter feito uma boa faculdade e ter um bom emprego, família e tudo que alguém acha que busca na vida, não estava feliz. Ele não vivia a vida que mais queria, e não tinha tempo de gastar o dinheiro que ganhava.

Juntou grana por dois anos, largou tudo e começou uma viagem que já dura uma década. Ele não pensa em voltar para o Brasil e construir uma vida estável tão cedo!

Conheça mais sobre a história do Rodrigo nesta entrevista que ele nos deu enquanto fazia as malas na Coréia, para viajar para o Japão e Taiwan.

  Continuar lendo

Padrão
Argentina, Bate-Papo

Conheça Julianny: empresária, mãe e instrutora de esqui!

O Planejo Viajar está começando uma série de entrevistas com viajantes. Pessoas que romperam com a rotina e resolveram fazer viagens memoráveis. Esta série vai dedicada a quem está precisando de um empurrãozinho para cair na estrada e, quem sabe, também trabalhar viajando! #trabalharviajando

Julianny Moraes, a única mulher na primeira turma de instrutores brasileiros de ski e snowboard, nos conta como começou a esquiar e porque quis se tornar instrutora de esqui.

Nos conhecemos em Bariloche, em 2014, quando ela e parte da turma voltavam de Esquel, na Patagônia Argentina, depois de concluírem o primeiro curso organizado pela ABISS. Única mulher da turma, viajava com o marido, Ricardo, enquanto cuidava à distância dos negócios que tem em Salvador.

Continuar lendo

Padrão