Palpitando

Turismo Literário?

 

Todos concordam que os filmes são uma ótima forma de divulgação de um destino. É conhecido que a Nova Zelândia aumentou em 400% o número de visitantes nos anos seguintes ao lançamento de O Senhor dos Anéis; e que a Tailândia tem como uma de suas principais estratégias de divulgação a captação de filmagens em seu território; que Woody Allen tem montado roteiros turísticos nos seus filmes.

Mas não são apenas as imagens capturadas pelas lentes dos cineastas que nos inspiram a conhecer novos lugares. Muitas vezes um livro bem escrito consegue transmitir a alma do lugar, citando nomes de ruas, praças, cenas cotidianas daquele período histórico retratado.

Hemingway, por exemplo, passou vários anos em Paris escrevendo. Muitas de suas histórias são ambientadas na cidade, os personagens frequentam museus, restaurantes, moram em ruas conhecidas. Em seu livro Paris é Uma Festa, uma espécie de memórias de quando morou na cidade, conta que o atendente de um dos restaurantes certa vez pediu a ele que o ajudasse a lembrar que artistas já frequentaram o estabelecimento, pois muitos clientes o perguntavam.

Segundo a escritora Marta Magadán Diaz, autora do livro Turismo Literario, esta modalidade de turismo engloba as viagens motivadas pela vida dos autores, seus locais de nascimento e de moradia; mas também a visita aos cenários das histórias, fictícios ou não.

O endereço Baker Street 221B, onde vivia o Sherlock Holmes, é por exemplo um dos endereços mais famosos de Londres. Em Londres, uma iniciativa para facilitar a vida do turista literário é o aplicativo de celular Get London Reading, onde são marcados em um mapa interativo pontos onde se passam histórias de livros, ou referentes à biografia dos autores.

Outra possibilidade interessante do Turismo literário é a leitura de um livro ambientado da cidade que você está visitando. Principalmente para quem viaja sozinho, sabe que o livro é uma boa companhia, e melhor se este livro puder complementar a sua imersão no novo destino. Recentemente estive em Cartagena, na Colômbia, e estava lendo Do Amor e Outros Demônios, do Gabriel Garcia Marquez. Na leitura são citados quais eram as classes sociais que moravam em cada bairro, como era o comércio nas ruas, o Convento Santa Clara (que hoje é um hotel) entre outros aspectos da cultura da costa colombiana, que tornaram minha visita muito mais especial.

Na verdade se tornou um vício para mim, buscar uma leitura ambientada na cidade que vou visitar em seguida. Quem me despertou essa vontade foi o livro O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, em que ele relata constantemente o roteiro das ruas de Lisboa que faziam os personagens durante a trama. Quando for a Lisboa quero fazer os trajetos, visitar a praça onde o personagem lia o jornal e observava os navios no porto, etc.

Para citar alguns brasileiros, Machado de Assis torna o centro do Rio de Janeiro muito mais interessante, quando passamos pela Rua do Ouvidor; ou a cultura baiana que pode ser muito melhor compreendida após a leitura dos clássicos de Jorge Amado.

Pense nisso ao organizar sua próxima viagem. Ler uma história ambientada naquele destino, de preferência escrita por um autor local, pode tornar a viagem ainda mais interessante!

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Um comentário em “Turismo Literário?

  1. Ótima sugestão. Também vale para algumas músicas, que inspiram certos lugares, de modo verossimilhante, saudoso ou surreal. Que só quando cruza a Ipiranga com a Avenida São João, ou naquele balançado que mais parece um poema, ou ainda falando de amor em Itapuã..

    😉

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