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Paris: brasileira registra resistência ao terror

A Place de la République tem ficado repleta de pessoas que vão prestar suas homenagens e manifestar resistência contra o terror que se abateu sobre Paris na noite de sexta-feira passada. As fotos que ilustram este post foram mandadas ao Planejo Viajar pela câmera woman paulistana e aspirante a cineasta Tati Paixão, de 33 anos, que mora na capital parisiense desde junho.

Mostram flores, bilhetes e velas colocadas no Monumento à República e nas proximidades. E também a movimentação da imprensa, que montou várias tendas por ali. Tati fez as fotos ao voltar para casa na segunda-feira à noite, terceiro dia depois que 129 pessoas foram executadas e mais de 350 ficaram feridas, na cidade que tenta aos poucos retomar a rotina, mas ainda muito chocada.

Memorial contra o medo

A Place da la République tem um significado forte para os parisienses, virou uma espécie de memorial contra o terrorismo, energia que contamina também os turistas. “Foi um lugar bem marcante no atentado contra o jornal satírico Charlie Hebdo, em janeiro, com 12 mortos, e acabou se tornando um ícone maior ainda agora”, diz Tati Paixão.

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Monumento da República repleto de flores, velas e mensagens (Foto: Tati Paixão)

Tati morava na Rue de la République, a um quarteirão dos ataques, até três dias antes do ocorrido. E costumava frequentar o Le Carrillon, na Allibert, para tomar cerveja com os amigos. “É bem animado e perto da casa onde eu morava”, disse. “Se não fosse o jogo eu poderia estar lá… mas amo futebol e não perco uma boa partida”.

Durante os seis ataques em série ela estava na casa de um amigo, assistindo  ao amistoso da França e Alemanha, no Stade de France, que fica em St.Dennis, cidade vizinha de Paris. A noite era para ter sido de alegria e comemoração, mas o som da primeira bomba mudou tudo. Foram três explosões do lado de fora do estádio, matando quatro pessoas (três terroristas que detonaram cintos com explosivos) e deixando mais de 50 pessoas feridas (leia sobre sequência dos ataques abaixo).

Tati só pensava na amiga, uma alemã que faz francês junto com ela, e que, naqele momento, estava no estádio. A amiga  não se machucou, mas de tão apavorada, voltou imediatamente para seu país. Horas antes, depois de sair da aula de francês, ela passou de ônibus pelos pontos atingidos. “Admiro a cidade pela janela do ônibus; vejo pessoas de todo tipo, que convivem com suas diferenças num clima de respeito e paz aparente”, postou em seu perfil no Facebook, num texto comovente de uma expectadora próxima dos fatos, com todo um background da violência em sua cidade natal, São Paulo. Vale a pena ler.

Sem corvos

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Foto: Arquivo Pessoal

Sábado, segundo Tati, Paris amanheceu em “silêncio ensurdecedor. Nem o cômico canto dos corvos se ouvia; era quase uma cidade fantasma, a não ser pelo som das sirenes que ecoava pelas ruas vazias de tempos em tempos.”

Ela foi para as ruas e filmou algumas cenas dos locais atingidos no décimo distrito. “O legal foi que várias pessoas saíram para os bares na rua (os poucos abertos) para mostrarem que não estão com medo. Havia muita gente mesmo. Franceses e estrangeiros têm dado lição de solidariedade aqui”, relatou.

Como fica o turismo?

A Tati foi morar em Paris para realizar um sonho e diz que não está com medo, mas triste e preocupada. Resiste, como todos. “Penso que instaurar o medo é o objetivo do terrorismo e não vou alimentar o ódio deles com meu medo”.

O único motivo pelo qual os brasileiros devam esperar um pouco, talvez para viajar a lazer para Paris, entende Tati, é porque vários locais turisticos estão fechados e o estado de urgência poderá durar três meses. Ontem, de acordo com o jornal Le Monde, reabriu a Torre Eiffel e para amanhã, quando termina o prazo de luto oficial decretado pelo presidemte François Hollande, será liberada a entrada para a Disneyland Paris.

A grande pergunta que se faz é: haverá demanda?

A julgar pelos cancelamentos na rede hoteleira e de restaurantes de Paris, que já sentiu o baque, desistências tendem a continuar. Vários eventos de grande porte programados para esta semana ou este mês foram cancelados e o setor espera 40% de cancelamentos  ao longo da semana.

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Emissoras do mundo todo montam seus QGs na Place de la République, centro dos protestos e manifestações. (Foto: Tati Paixão)

Representantes do segmento acreditam que esta tendência se estenderá para dezembro, já que ao contrário do atentado ao Charlie Hebdo, que foi dirigido a um grupo fechado, desta vez a coisa foi espalhada, mirando no estilo de vida francês: estar em cafés, restaurantes, shows e jogos de futebol. A percepção de insegurança agora é muito maior.

Resumo dos ataques

Público vai para o gramado, com medo de novas bombas (Foto: YouTube/Reprodução)

21h20 – Três explosões do lado de fora do Stade de France (foto) usadas por terroristas que detonaram cintos com explosivos. Além dos três, uma pessoa morreu e 50 ficaram feridas

21h25 – Um homem ataca, com arma automática, os frequentadores da área externa do Restaurante Le Petit Cambodge e bar Le Carrillon, esquina da Rua Allibert: 12 mortos

21h32 – Cinco pessoas são mortas e oito ficam gravemente feridas na área externa da Pizzaria Cosa Nostra, na região da Place de la Republiqué, perto da sede do jornal Charlie Hebdo, onde em janeiro houve o fuzilamento de 12 pessoas.

21h36 – Mais ao Sul de Paris, no 11 distrito, um homem dentro de um carro fuzila 12 pessoas e deixa 14 gravemente feridas no bar e café La Belle Equipe, cruzamento da Rue Charrone

21h43 – Homem-bomba morre perto de um bar na Avenue Voltaire, próximo à Place de La Nación

21h49 – O ataque final, na casa de shows Bataclan, no Boulevard Voltaire. A ação durou duas horas e começou  depois que o grup Eagles of Death Metal tinha cantando seis músicas. Havia 1.500 pessoas, no local, das quais parte foi feita refém. 82 pessoas foram mortas. Quatro terroristas morreram, três detonando cintos explosivos e um abatido pela polícia

 

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2 comentários em “Paris: brasileira registra resistência ao terror

  1. bom dia Marlyana, estou com a viagem toda pronta para França, eu e meu marido, partiremos no começo de setembro, mas estamos muito apreensivos com os acontecimentos “terrorismo na França”. Ja pensamos em cancelar ou mudar nossa viagem, o que seria muito triste, pois ja estamos programando ha um ano, todo o roteiro, que tambem passaremos por Bruxelas, Luxemburgo.
    por favor nos oriente, sobre o que esta acontecendo hoje na frança, teremos problemas nas estradas auto pistas, teremos problemas com preconceito e o astral do pais esta muito pesado.

    • Marlyana Tavares disse:

      Olá Daniela, em primeiro lugar, perdão por não ter respondido antes. O site passou por um momento de manutenção e só agora estamos conseguindo ver as mensagens. Olha, realmente é preciso ter um cuidado extra, não ficar próximo de aglomerações, ficar mais atento em aeroportos, porém nada que se possa fazer além disso. Se vir uma bagagem abandonada avisar às autoridades, por exemplo. A vigilância em aeroportos e estradas estará mais reforçada, o que é normal e positivo, portanto, andem sempre com seus documentos à mão, deixem avisado em casa onde estarão, e tenham uma pessoa de confiança que sempre saberá sua localização. Estes são cuidados geralmente sugeridos por autoridades de segurança dos países mais visados. No mais, gente, é aproveitar a viagem. A minha filha e seu marido viajaram para Paris logo após os atentados. Ela estava grávida. Foi tudo bem. Aproveitem a viagem e depois conta pra gente como foi!

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