França

Paris: artistas mineiros chocados com matança

O casal de mineiros de Belo Horizonte, Pedro Guerra, de 29 anos e Liz Braga Guimarães, de 30, artistas circenses e moradores há oito anos de Paris ainda tenta entender o que aconteceu na cidade que escolheram para fixar residência. Seis ataques simultâneos deixaram 129 mortos e 352 feridos (entre eles, três brasileiros) ontem na última sexta feira, dia 13.

Pedro e Liz  moram no 19º distrito, a 40 minutos de caminhada do 10º e 11º distritos onde três bares foram atacados. “Sempre costumamos ir a esse local, de bicicleta ou andando, pois é uma região de vários bares, muito agradável, perto do Canal de Saint Martin”. De metrô pegam a Linha 5, descem na Estação Linha Republique, chegando em 10 minutos.

Com vários compromissos artísticos marcados, o Pedro e a Liz voltam dia 20 para Paris. E você aí que está de passagem marcada para os próximos dias, vai manter os planos ou prefere adiar o sonho por algum tempo até que as coisas se acalmem? Conta pra gente (escreva para planejoviajar@gmail.com) !

Choque e tristeza

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Eu conheço o Pedro e a Liz desde que eram crianças e logo que soube dos atentados ontem à noite, pedi à minha filha, Tereza, que está de passagem marcada para Paris (ai meu Deus!), para saber se eles estavam bem. Coincidentemente, eles estão em Belo Horizonte e conversaram com o Planejo Viajar sobre como estão vendo a tragédia que se abateu sobre a capital francesa, no pior ataque terrorista desta década, no mundo.

A primeira coisa que fizeram logo cedo foi se comunicar com todos os amigos, tanto brasileiros quanto de outra nacionalidades.  “Está todo mundo bem mas muito triste, muito chocado”, disse Pedro.

Paris é a base do casal, que mora em um apartamento no 19º distrito, próximo ao Parque La Villete, mas vive viajando por causa dos shows. Eles formam um duo de malabarismo e se apresentam por todo o país. O Stade de France, bairro de Saint Dennis, no Norte da capital francesa, onde um ataque suicida provocou quatro mortes e mais de 50 feridos, fica bem próximo da Academie Fratellini, onde Pedro e Liz fizeram aulas de circo. “Já fomos ao estádio”, conta Pedro.

Banho de sangue

O que me arrepiou mesmo foi o Pedro contar que, como muitos jovens, eles sempre vão passear no 10º distrito, onde há vários bares, um clima bem boêmio, muito agradável. “Nunca fomos ao Le Carrion ou ao Le Petit Cambodge (onde pelo que se sabe até agora 33 pessoas foram mortas e muitas feridas), mas já sentamos em bares do lado destes”, disse Pedro.

O casal não frequenta mas já esteve também no Bataclan, onde 79 dos 100 reféns foram fuzilados durante um show de rock da banda Death Metal. Vários cafés próximos à entrada da casa de shows foram alvo dos tiros dos terroristas. 

Com previsão de volta para Paris no dia 20, Pedro prefere não se manifestar sobre as causas do atentado, “é uma situação muito delicada, estamos muito chocados”. O artista sugere que quem estiver com viagem turística marcada nos próximos dias para a capital francesa deveria esperar um pouco mais, até para saber como as coisas vão caminhar. “E também porque todos os pontos turísticos estão fechados”.

De fato, o Museu do Louvre chegou a abrir no sábado de manhã, mas foi fechado. Não estão acessíveis a visitantes a Eurodisney, nos arredores da cidade, e a Torre Eiffel (foto abaixo). Na região da Champs Elysee, que num sábado normalmente estaria cheia de turista, o movimento foi bem reduzido e as lojas de marcas internacionais estavam fechadas. Nas lojas que ficaram abertas, funcionários pediam para revistar a bolsa dos clientes. As galerias Lafayette e Printemps também abriram as portas no Boulevard Hassman, mas ficarão fechadas pelo menos no domingo.

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Charles Hebdo

Ao contrário de agora, Pedro e Liz estavam em Paris em 7 de janeiro deste ano, quando houve o atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, quando 12 pessoas foram mortas por terroristas. “Até um dia depois era grande a sensação de insegurança, todo mundo ficou mais em casa. No primeiro momento, foram colocados muitos policiais em todos os lugares, principalmente nos pontos turísticos e locais de culto judaico e muçulmano, mas aos poucos a rotina foi retomada”, relata o artista.

Medo no primeiro destino turístico do mundo

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Paris e região é o primeiro destino turístico do mundo, com 32,3 milhões de turistas em hotéis na região de Ile de France, segundo dados do Comitê de Paris Ille de France. Sonho de consumo de muita gente. Só que o clima está péssimo na capital francesa e com promessas do Estado Islâmico (EL) de continuar o banho de sangue. Eles deram um recado não so à sociedade francesa, mas a todos que vão à cidade ao escolher como alvo locais frequentados por turistas, além dos cidadãos parisienses.

No comunicado, eles afirmam que “oito irmãos com explosivos na cintura e fuzis fizeram vítimas em lugares escolhidos previamente e que foram escolhidos minunciosamente no coração de Paris, no estádio da França, na hora do jogo dos dois países França e Alemanha. Chamam o presidente da França, François Hollande, que assistia ao jogo, de “imbecil”. Escolheram o Bataclan, na hora do show de rock, porque ali “estavam reunidos centenas de idólatras em uma festa de perversidade assim como outros alvos no 10º arrondissement”. Confirmaram, no comunicado que a ideia era fazer tudo simultaneamente. “Paris tremou sob seus pés e as ruas se tornaram estreitas para eles”, afirmam no texto.

Os terroristas disseram que a “França e os que seguem o seu caminho devem saber que eles são os principais alvos do Estado Islâmico e que continuarão a sentir o odor da morte por ter colocado a cabeça na cruzada, ter ousado insultar nosso profeta, se vangloriar de combater o islamismo na França e atingir os muçulmanos na terra do califa com seus aviões”. E ameaçam ainda mais: “Esse ataque é só o começo da tempestade e um alerta para aqueles que quiserem meditar e tirar lições.”

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Diante desta terrível realidade, o Planejo Viajar quer saber: Se você tem uma passagem comprada, hotel reservado, etc para estes dias ou neste mês deixaria de viajar ou acha que os turistas não devem se curvar ao medo. Escreva pra gente no planejoviajar@gmail.com

 

 

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2 comentários em “Paris: artistas mineiros chocados com matança

  1. Elvira Santos disse:

    Eu não estou com viagem marcada para lá, mas se estivesse não deixaria de ir. Ao contrário, se eu pudesse iria hoje mesmo para dar colo a quem eu amo e está em choque, sofrendo.

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