Estou sentada aqui na Gelateria Paradiso, tomando um sorvete de Uva Isabela – que tem gosto de buballo de uva – depois de caminhar pela cidade, me sentindo extasiada pela magia que há nas ruas de Cartagena. Estou aqui há cinco dias e parece que a cada dia que passa meu coração é conquistado um pouco mais.
“Me bastó con dar un paso dentro de la muralla para verla en toda su grandeza a la luz malva de las seis de la tarde, y no pude reprimir el sentimiento de haber vuelto a nacer“.
Gabriel Garcia Marquez escreveu em sua biografia que havia nascido de novo ao entrar em Cartagena. Não sei se me sinto como quem nasceu de novo, mas com certeza essa cidade fará sempre parte das melhores lembranças que constituem quem eu sou.
Viajar pela América do Sul é para mim sempre um encontro comigo mesma, com partes de mim que eu não sabia que existiam. E aqui na Colômbia eu encontro então esse reconhecimento de maneira mais clara. O povo colombiano, na minha opinião, se assemelha muito ao brasileiro.
Cartagena é uma cidade colorida. O centro histórico, que fica dentro das muralhas, é formado por várias ruelas com casinhas coloridas, enfeitadas com buganvilhas coloridas na fachada e flores na varanda, e cujas paredes e janelas nunca são pintadas da mesma cor. Aqui o clima é muito quente, o sol brilha forte, e forma uma luz perfeita com o azul do céu e o colorido das ruas.
A alma das pessoas também é muito colorida! Você sente a acolhida de todos que sorriem para você na ruas te dando os buenos dias, te oferecendo de pronto informações sobre a cidade e os encantos dessa parte do caribe. Nos bares e restaurante soa a salsa, dia e noite.
Como falar de Cartagena sem citar os vendedores de frutas pelas ruas, as arepas recheadas com queijo, os chapéu “Panamá” nas barracas dos artesãos e nas cabeças das pessoas, as chamadas de celular vendidas por minuto, as esculturas de latão retratando o cotidiano, o pôr-do-sol visto do Castillo San Felipe de Barajas, o reconhecido café colombiano, e a tradicional comida costenha de pescado frito, com arroz de coco, salada e patacones.
Gabriel Garcia Marquez tem toda razão ao ter adotado Cartagena como cidade! E talvez ele também contribua para o encanto desta terra. Vim para cá lendo “Del amor y otros demonios” que foi inspirado, ambientado e escrito nesta cidade. Um dos cenários do romance é o convento de Santa Clara que agora é um hotel, e o livro fala sobre o contato dos imigrantes europeus, os criollos (mestiços) e os negros, falando sobre os bairros de San Diego e Getsemaní como os bairros dos brancos e dos negros, respectivamente, retratando um pouco do ambiente em que foi formada a população costenha da Colômbia.
Amanhã vou partir, e levar em meu coração a lembrança desta sensação mágica de estar em Cartagena, que não está no meu país, mas está na minha América do Sul, deste povo marcado pela convivência, nem sempre pacífica, mas muito bem orquestrada, entre explorados e exploradores.
E aqui, neste clima de nostalgia de quem logo vai embora e não sabe ao certo quando voltará, tenho a declarar que: estou apaixonada!
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