A pergunta que não quer calar!!! Todos os dias converso com alguém sobre a viagem que já estava marcada para os Estados Unidos e o dólar que não para de subir! Como fazer? Por isso resolvemos fazer este guia completo.
A Rogerlan Ferreira, de Belo Horizonte, nos enviou uma dúvida. Ela está com passagem e hotel comprados para Miami e Orlando e ainda convidou a sobrinha. Ela não está pensando em cancelar, mas chegou a ouvir conselhos assim.
Como ela já pagou passagens e reserva de hotel em reais, ela está preocupada com os demais gastos. Como deve fazer? Pagar em cartão de crédito? Cartão pré-pago? Levar o dinheiro?
Aproveitando o embalo, preparei logo um Guia Completo, com todas as perguntas da Rogerlan e dos demais leitores com quem conversamos esses dias. Confira!
Vale a pena cancelar a viagem?
Calma! Não!
Algumas pessoas nos escreveram meio preocupadas, de que compraram as passagens, reservaram os hotéis e estão pensando em cancelar a viagem por causa da alta do dólar. Então, é verdade que está caro, e que subiu muitos nos últimos meses. Mas também não precisa se desesperar com os noticiários e de repente cancelar tudo!
Imagino que quando você fez as reservas você tinha pensado num orçamento total para a viagem. Digamos: R$ 10.000. Com isso você imaginava pagar as passagens, o hotel, a entrada nos passeios, a visita a alguns restaurantes bacanas e fazer compras.
É possível se manter dentro do orçamento, apenas tomando algumas decisões mais inteligentes sobre como aplicar este orçamento de viagem. Não tem mágica, tem que fazer cortes. Se antes os brasileiros iam para os Estados Unidos e voltavam com malas e malas de compras, talvez seja o momento de aproveitar os outros aspectos da viagem em comprar menos. Ou talvez nem comprar nada!
Sim, existe graça em uma viagem mesmo sem compras! Você viajou para conhecer algo novo, comprar é só um detalhe.
Talvez tenha que comer em restaurantes mais baratos, e fazer mais passeios grátis. Enfim, diminuindo um pouquinho os “luxos” da viagem você consegue se manter no orçamento!
Fora que, se você cancelar, não receberá tudo o que pagou de volta. As companhias aéreas cobram multas e só devolvem uma porcentagem do valor pago. Então, para ter uma idéia, leia com atenção as regras da sua passagem. São aquelas letrinhas miúdas que vem com a confirmação. Ali estão os preços para trocas e cancelamentos.
O dólar vai continuar subindo?
Não existe nenhuma forma de prever isso. O que se pode fazer são análises de quais são os motivos da alta do dólar e se estes motivos tendem a continuar ou se vão acabar. O difícil é que são vários os aspectos que influenciam na cotação das moedas, e se houvesse uma fórmula certeira para calcular isso, a pessoa que a tivesse estaria ganhando muito dinheiro.
Contudo, se olharmos para as tendências dos últimos anos, vamos ver que com flutuações pequenas entre um dia e outro, no longo prazo o dólar está aumentando. O que isso quer dizer? Entre hoje e a sua viagem ele pode até diminuir, mas no ano que vem o mais provável é que esteja mais caro…
Isso ajuda quem quer viajar este mês ou mês que vem? Não muito… Mas para quem está querendo viajar ano que vem, pode ser uma boa já ir investindo em dólares.
Cartão de crédito, débito ou Travel Money, ou dinheiro vivo?
Qual a melhor forma de levar dinheiro pro exterior?
Esta deveria ser uma questão objetiva, mas por incrível que pareça é uma grande controvérsia entre os blogs de viagem. A verdade é que cada modalidade tem suas vantagens e desvantagens e você precisa entender o que é prioridade para você. O mais barato é levar dinheiro em espécie, mas você quer sair de casa com milhares de dólares na mão? Leia as vantagens e desvantagens de cada modalidade e nossos conselhos ao final deste item!
Cartão de crédito
Enquanto todos falam mal do cartão de crédito e afirmam ser a pior forma de fazer pagamentos em viagem, sempre foi minha opção favorita. Primeiro porque acumula milhas, depois porque os 6,38% de IOF agora estão presentes em todos os meios de pagamento, e a cotação cobrada no cartão é a oficial.
Comprando dólares na casa de câmbio você nunca consegue a cotação oficial! NUNCA! Porque? Porque eles vivem disso, e colocam uma porcentagem em cima da cotação para pagar pelo serviço deles. Justo.
Mas, eu concordo que em tempos de alta do dólar, fazer compras e pagar na cotação do dia do fechamento do cartão pode trazer surpresas. Eu mesmo já caí nesta armadilha. Quando viajei o dólar estava estável há meses, e justo na semana do fechamento do meu cartão ele aumentou uns 10%! Enfim, gastei mais do que o planejado.
Então, talvez o cartão de crédito realmente não seja a melhor alternativa para tempos como os de hoje. Melhor tentar alternativas que “congelam” o dólar na cotação de hoje. Lembrando que sempre existe o risco do dólar cair um pouco, mas como a tendência é subida, vamos considerar que vai continuar subindo…
Vantagens:
– Seus gastos viram milhas aéreas
– Cotação oficial do dólar
– Praticidade de não ter que fazer outro cartão
Desvantagem:
– Cotação do dia do fechamento da fatura – pode estar maior do que no dia da viagem (ou menor…)
Cartão de Débito
O cartão de débito é uma solução mediada, pois a funciona com a cotação oficial do dólar, só que para o dia da compra, não para o dia do fechamento da fatura. O IOF é o mesmo para todos os cartões, e nele você pagará a cotação oficial para o banco, mais as taxas de saque.
Vantagens:
– Cotação oficial
– Cotação do dia da compra
– Praticidade de não ter que fazer outro cartão
Desvantagem:
– Cotação do dia da compra pode ser maior do que de antes da viagem.
Travel Money
Visa Travel Money
Eu nunca achei que o Travel Money (cartão de débito pré-pago) fosse a melhor saída para viagens, embora seja o queridinho de vários blogueiros de viagem. Você compra e recarrega em uma casa de câmbio que, como falamos antes, não vai vender o dólar na cotação oficial, e sim mais caro um pouco.
Você paga uma taxa para comprar o cartão, e uma taxa a cada depósito que faz. Se você usa na função débito está ok, mas se faz saques, também paga uma taxa. E se usa em uma moeda diferente da que está o cartão (porque exemplo se seu cartão está em dólares e você viaja para a Europa), você também paga uma taxa para a conversão.
Enfim, para mim são tantas taxas, e você ainda não paga a cotação oficial (a menor), que não vale a pena. E desde que o IOF se igualou com o do cartão de crédito/débito, para mim perdeu totalmente o sentido.
Vantagens:
– opção para não carregar muito dinheiro vivo
– “congela” a cotação do dólar no dia da compra
Desvantagem:
– Taxa para a compra do cartão
– Taxa para fazer os depósitos
– Cotação das casas de câmbio, maiores que a cotação oficial
Dinheiro-Vivo
Esta é com certeza a opção mais barata para levar dinheiro ao exterior, já que o IOF para a transação é de 0,38%. Contudo eu nunca uso esta opção, pelo menos não para todo o meu dinheiro, porque eu tenho medo de perder tudo e ter um prejuízo grande de uma vez, podendo até inviabilizar a viagem.
Não ache que nos Estados Unidos você não poderá ser roubado porque está em um país rico. Recentemente houve um escândalo de que nos hotéis na Flórida estava comum que os quartos fossem invadidos e saqueados enquanto os turistas estavam passeando. Não que aconteça todos os dias, mas acontece.
Se você não deixa o dinheiro no hotel, imagina sair para os parques ou para passear na rua todos os dias com milhares de dólares? Inviável, né? Ou seja, é perigoso.
Vantagens:
– Menor IOF
– Não pagar as taxas para saque
Desvantagem:
– Insegurança
O que fazer então?
Cada turista tem um perfil, e cada um prioriza algo. Acredito que o melhor seja contar com mais de um meio de pagamento, ou seja, comprar um pouco de dinheiro em espécie tanto para aproveitar o IOF menor para pelo menos parte do orçamento da sua viagem como para evitar as taxas de saque presentes e todos os outros cartões.
Primeiro, se você já reservou o hotel com alguma agência daqui e já pagou em reais, perfeito! Se não, pode pensar em fazer isso, porque assim já é menos dinheiro para levar e mais pagamentos feitos com dólar “congelado”.
Nos pagamentos que fizer lá na viagem, dê preferência para o cartão de débito, já que todos assumimos que o dólar vai continuar subindo. Pelo amor de Deus, se descer, não venha dizer que eu falei que ia subir! Eu nunca falei isso!!! hahahha
E ao sacar, faça também uma breve pesquisa nos caixas eletrônicos de diferentes bancos. Eles cobram taxas diferentes para o saque. Dê preferência para os que permitem fazer saques de maior valor e com a taxa menor. Quanto menos saques você fizer, menos taxas vai pagar. Então saque sempre o máximo permitido.
Faça pesquisas de preços nas casas de câmbio
Ontem mesmo eu vi duas notícias. Uma dizia que o dólar estava a R$ 4,40 nas casas de cambio, outra dizia R$ 4,10. Não é confusão dos jornais, é que as casas de câmbio tem preços diferentes mesmo para o dólar.
Se a cotação oficial está a R$ 3,80, algumas casas de câmbio vão vendê-lo por R$ 4,10 e outras por R$ 4,40. Da mesma forma que os supermercados tem preços diferentes para os mesmos produtos. Para pagar menos no dólar você precisa fazer pesquisa de preços.
Ligue ou visite várias casas de câmbio antes de comprar seus dólares. E lembre-se de perguntar por todas as taxas e pedir para fazer uma simulação do quanto ficaria comprar seus dólares. Algumas tem a cotação menor, mas cobram uma taxa, então só compensam se você comprar muito dinheiro. Outras tem a cotação maior, mas não tem nenhuma taxa extra.
Ou seja, faça pesquisa, e se informe de todas as taxas. Faça a simulação em todas e veja em qual delas você sairá com mais dinheiro!
Compre passagens na promoção
Uma vez eu li uma estatística de que os brasileiros gastavam em compras na Flórida em média 3x o que as demais nacionalidades de turistas. Algumas lojas até contratavam atendentes que sabiam falar português para atender ao nosso público.
Com esta alta do dólar, o setor de turismos nos EUA pirou quando sentiu a diminuição no número de brasileiros lá, e começaram a tentar compensar o câmbio com promoções de passagem inacreditáveis.
Hoje é possível encontrar passagem a menos de R$ 1000, e pacotes incluindo hotel por R$ 1500.
Se você ficar de olho em sites como o Melhores Destinos, fica sabendo dessas promoções. Também pode cadastrar os trechos que você tem interesse no site do Skyscanner e receber alertas quando a passagem estiver barata.
A dica é ficar com o passaporte e visto prontos esperando sair a promoção. Quando sair, compre. Elas não duram vários dias, não dá tempo de pensar muito. Se perdeu, espere mais um pouco, logo logo vem outra.
Reserve hotéis mais baratos
Em tempos de dólar alto e de crise econômica é hora de começar a repensar nossos gastos, não é verdade? Estamos viajando pela experiência de conhecer o país, e nao necessariamente para ficar num hotel super luxuoso.
Então, talvez seja a hora de reduzir as expectativas, adotar a mentalidade mochileira e procurar um hotel que caiba no nosso orçamento.
Eu sempre uso o Booking.com* para fazer minhas reservas, porque ele tem um banco de dados gigantesco e permite fazer a reserva sem custo. Existem outros sites desses como o Trivago, o Expedia, e até o site da CVC permite fazer a compra apenas do hotel.
*Se você reservar por este link, nós ganhamos uma pequena comissão, sem custo extra para você. Nos ajuda a pagar os custos de manutenção do site.
Use o transporte público
Foto: Vai pra Disney
Lembra que eu falei do espírito mochileiro?? É verdade que o transporte público não é a forma mais prática de se locomover numa viagem, nem a mais rápida. Mas pode ser a mais divertida.
Eu sempre ando de ônibus nas minhas viagens, porque eu acho que é a melhor maneira de entrar em contato com os moradores locais. Você observa as pessoas, aprende muito e pode até puxar um papo com alguém.
Nos Estados Unidos o transporte público é bem funcional, ainda mais se comparado ao Brasil. Em Orlando, os parques costumam ter um transporte gratuito a partir de alguns hotéis. Assim você economiza não só no aluguel do carro, mas também com o estacionamento nos parques.
O blog Vai pra Disney fez um post super completo falando sobre todos os meios de transporte em Orlando, desde aluguel de carro, taxi, transporte dos parques e ônibus. Você pode fazer um mix de todas as opções e deixar o aluguel do carro só para algum dia com a programação mais corrida.
Faça menos compras
É queridos… não tem mágica! Gastar menos significa cortar em algum lugar. E nós brasileiros temos o hábito de comprar demais em viagens! Não precisa disso, gente!
Um amigo meu voltou dos EUA uma vez com oito pares de tênis. OITO PARES DE TÊNIS!! Quem precisa de oito pares de tênis?? Você compraria oito aqui no Brasil? Eu tenho três, no máximo.
Então, vamos nos liberando daquela lógica de que tem que comprar porque está barato (até porque não está mais tão barato assim…) e vamos deixar para comprar apenas o que estivermos precisando, e só se o preço compensar muito.
O blog Aprendiz de Viajante, um dos maiores blogs de viagem no Brasil, fez um Guia super completo de compras no Estados Unidos, com informações sobre as melhores lojas, correlação dos tamanhos de lá com os daqui, e com vários cupons de desconto em várias lojas.
*Se você comprar por este link nós ganhamos uma pequena comissão, sem nenhum custo extra para você. É pra ajudar com as despesas de manter o blog.
Procure os passeios grátis
LEGO Imagination Center at Downtown Disney 2011. Foto: Vivendo Orlando
Economizar com passeios é algo complicado. Ainda mais porque eu acabei de falar para você não gastar com hotel, nem com aluguel de carro, nem fazer compras. Agora vou mandar você não fazer os passeios?? Para que você viajou então, né?? hehehe
Eu sei, parece não fazer nenhum sentido, e não fazia para mim também até eu tirar meu ano sabático. Eu comecei a perceber que eu viajava mais pelo contato com outra cultura, para estar em um lugar diferente, aprender sobre história, geografia, e arte. Então, viajar para mim começou a ser muito mais por andar na rua do que para entrar em todos os museus e parques temáticos e fazer mergulho em todos os pontos possíveis.
Então, sempre há passeios grátis bacanas quando você viaja. Em Paris um dos melhores dias foi quando eu fui com as pessoas que conheci no hostel para o Parque em frente a Torre Eiffel com uma garrafa de vinho de 2 euros que compramos na mercearia. O site Vivendo Orlando fez uma seleção de 9 passeios grátis e bacanas em Orlando.
Viaje pelo Brasil
Por do Sol no Porto de Fernando de Noronha
Por fim, se você ainda não comprou suas passagens para o exterior, pode ser uma boa viajar pelo Brasil este ano. Não é verdade que seja tudo tão caro e ruim como dizem. O Brasil está crescendo como destino internacional de turistas, e com esta desvalorização do real o mais provável é que venham muitos estrangeiros visitar o país.
Em nosso país tem lugares lindos e com bom nível de serviço, que podem sair por um preço razoável se você planejar a viagem com antecedência.
Fique de olho em promoções de passagem, procure pousadinhas baratas pelo Booking.com, use o transporte público e faça poucas compras. Se seguir as mesmas dicas de viagem barata para o exterior, vai ver que dá para viajar bem com muito pouco.
Viagem pela América Latina
Ruínas de Tulum, à beira do mar no México
O real se desvalorizou também em relação à moeda dos países latinoamericanos, mas não tanto quanto em relação ao dólar. O dólar aumentou também nos nossos vizinhos, e podemos conseguir uma relação mais vantajosa se viajarmos para lugares como Argentina, Chile, Peru ou México.
Todos os dias saem promoções de passagem para algum desses lugares, e de promoção em promoção você pode conseguir fechar a viagem em um orçamento que caiba no seu bolso.
Como controlar o dinheiro na viagem?
Bom, independente de ir para os Estados Unidos, Europa, ou ficar por aqui, o principal é controlar o dinheiro para não gastar mais do que o esperado.
Eu já escrevi aqui tudinho sobre como eu organizo meu dinheiro em uma viagem. Você tem que decidir com antecedência quanto quer gastar. E daí fazer uma média por dia. Por exemplo: a Rogerlan tem 3000 dólares para ela e a sobrinha, 1500 para cada uma. Se ela vai passar 10 dias, já sabe que o orçamento diário é de 150 dólares por dia para cada.
Você sabe que tem dias que gastará mais, e dias que gastará menos. Então use o US$ 150 como referência e se obrigue a ficar dentro deste orçamento.
Para isso você terá que anotar todos os seus gastos. Ande com um bloquinho e anote tudo o que gastou, até a moedinha que usou para comprar uma bala. Muitas vezes os pequenos gastos é que se somados fazem o grosso da despesa.
Anotar fará você ter mais consciência antes de gastar e ajudará a controlar para que você não saia do orçamento. Assim você decide de dá para comer num restaurante de US$ 30, ou se pelo que gastou hoje melhor comer no de US$ 10 mesmo…
E deixe as compras para o último dia. Assim você terá uma boa noção de tudo o que existe, e não comprará algo que está bem mais barato na loja seguinte. E também saberá quanto do seu orçamento sobrou para compras.
Bom pessoal! Espero que assim vocês consigam viajar mais tranquilos. Em tempos de crise é quando mudamos nossa forma de pensar e vamos gastar nosso dinheiro de maneira bem mais consciente.
Tem mais dúvidas? Alguma outra dica para viajar barato com dólar alto? Escreve para a gente nos comentários que a gente atualiza o texto.