Imagine participar de um ritual de origem indígena no México. Ser transportado pela meditação para todas as etapas da sua vida; refletir sobre suas ligações com os quatro elementos da natureza; e terminar com um mergulho num rio subterrâneo.
O temazcal é um banho de vapor, uma sauna indígena, que era muito comum nas culturas nativas do México e da América Central. Era realizado para a purificação do corpo e da alma. Trata-se de um forno escuro onde os participantes sentam-se ao redor de pedras quentes banhadas com um chá de ervas aromáticas.
Enquanto o forno representa o ventre da mãe-terra, para o qual retornamos durante o ritual, as pedras representam a sabedoria e são chamadas de anciãs, pois são as mais idosas entre os “participantes”. É um encontro consigo mesmo, cujos benefícios são sentidos imediatamente e se mantém pelos dias seguintes. Entre eles, o relaxamento, a perda de gordura, a estimulação dos vasos sanguíneos.
Essa foi umas das experiências que vivenciei no meu período sabático aqui pelo México. O temazcal que eu conheci fica em Cozumel e é especial porque fica ao lado de um cenote. Um cenote é uma formação geológica comum nesta região, e trata-se de uma fissura no solo onde emerge água de rios subterrâneos.
O temazcaleiro é quem tem o papel de trazer as pedras, derramar as ervas sobre elas e nos conduzir pela meditação. Ele divide a experiência em quatro etapas, que ele chama de portas. A cada porta, novas pedras são adicionadas, fazendo a temperatura aumentar gradativamente.
Cada porta também representava um elemento da natureza, um ponto cardinal, e uma forma diferente de meditação. Houve o momento de libertação de antigas mágoas e sofrimentos, o momento da expressão pessoal por meio de gritos e instrumentos musicais e o momento do profundo silêncio.
Por estar em completa escuridão, você fica livre para adotar a posição que se sentir comodo, chorar, gesticular o quanto quiser sem se incomodar se alguém o está observando.
Se todo o ritual foi muito forte e emocionante para mim, a principal lição veio ao final. O mantra para deixar o temazcal significa “trilha para a morte”. Não que eu esteja esperando uma morte em breve, mas a consciência de que cada um dos nossos dias é mais um passo em nossa trilha para a morte foi uma das idéias mais iluminadas que me ocorreu.
Eu já sabia que os Mexicanos tinham uma relação diferente com a morte, fruto de sua herança indígena, mas foi apenas neste dia que entendi o significado. Trilhar o caminho para a morte não tem nada de bizarro ou macabro, é apenas uma nova perspectiva sobre a vida.
Quais são realmente nossas prioridades? O que realmente importa, se no fim das contas estamos todos trilhando nosso caminho para a morte?
___________
Serviço
Há temazcais em várias partes do México e provavelmente nos países da América Central.
O Temazcal de Cozumel fica afastado da cidade, na reserva de Xkan-ha. No site há um mapa sobre como chegar.
Recomenda-se não ingerir alcool desde o dia anterior e não fazer refeições pesadas antes de entrar no Temazcal.
O custo por pessoas é de US$ 80 e há descontos para grupos.
É necessário agendamento.
Leia mais sobre o México:
Pingback: Isla Holbox – O segredo bem escondido do México | PlanejoViajar
Pingback: Volta à Ilha de Cozumel - México - Planejo Viajar