Sabático, Sua Viagem

Aventura de bike pela América Latina

Fotógrafo de Minas Gerais atravessa a América Latina de bike, inspirado no livro de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina. Vamos pegar uma carona na garupa dele?

O Deserto de Tatacoa, o Vulcão Azufray e pequenas cidades coloniais colombianas, como Barichara, Villa de Levya e Salento, foram os lugares que mais encantaram até agora o fotógrafo mineiro Bernardo Salce Araújo, na viagem que faz de bike pela América Latina.

Já são dois meses de jornada, 2,5 mil quilômetros percorridos e a aventura “De Bicicleta pelas Veias Abertas da América Latina” está só começando. Ao final de 1 ano ele terá percorrido 23 mil quilômetros, saindo da Colômbia e passando por Equador (onde está agora), Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai.

O périplo pode se estender por mais 12 meses, caso Bernardo consiga os recursos para, depois do Uruguai, voltar à Colômbia, subindo pelo Brasil. Para isso, ele espera vender suas fotos, que são incríveis, e encarar trabalhos temporários durante a viagem. Tem planos de fazer uma exposição e escrever um livro. Para isso, busca patrocínio e pensa em um projeto colaborativo, tipo crowdfunding.

Nascido em Uberaba (MG), ele tem 31 anos, é formado em Direito e mestre em Ecologia Humana, mas trabalha como fotógrafo há cerca de três anos. Fez o mestrado em Portugal, morou dois anos na África do Sul e dois no Camboja.

Eu o conheci aqui em BH esse ano e suas fotos logo chamaram minha atenção, pelo olhar especial para o ser humano. A viagem e o trabalho do fotógrafo podem ser acompanhados em seu site (www.bernardosalce.com), ou acompanhado diariamente no Instagram: @bernardosalce e Facebook: Bernardo Salce Photography.

Nesse bate-papo com o Planejo Viajar, Bernardo divide com a gente o seu dia a dia, alegrias e percalços. Fala da escolha do roteiro, preparação, equipamentos e experiências recolhidas no caminho, que podem funcionar como dicas para você que tem sonhos de viagem e quer realizá-los, por mais difíceis que pareçam. Continuar lendo

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Sabático, Sua Viagem

Mochilão gastronômico e social pela América Central

O que te motiva a viajar? Para a Bárbara Fonseca, de 30 anos, e sua companheira de viagem Ana Paula de Oliveira, de 35, ambas jornalistas, poder vivenciar o cotidiano de comunidades e ir além das belezas mostradas em roteiros turísticos estão entre os aspectos mais fascinantes de se pôr os pés na estrada. E foi do desejo de conhecer novas realidades que resolveram percorrer, por quatro meses – entre outubro de 2015 e fevereiro –, um continente ainda pouco explorado pelos brasileiros: a América Central. Leia o relato da Bárbara sobre a aventura da dupla.

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Rio de Janeiro, Sabático

A semana em que vivi num veleiro em Angra dos Reis

Atualização 24/07/2019 – Quem quiser conhecer e passear no Ideafix é só acessar navegando-ideafix.com.br

Ele não era o maior, nem o mais luxuoso, nem o mais novo ou o mais antigo. O Ideafix, à primeira vista, poderia se parecer apenas a mais um dos tantos veleiros ancorados no Marinas Clube, em Angra dos Reis. Mas ele não é só isso. O veleiro é o lar de um casal apaixonado e idealista que largou a correria da vida e dos negócios no interior de São Paulo para viver de acordo com os ventos. Ele foi, também, o meu lar por uma semana, em Angra dos Reis.

Foi onde eu aprendi que podemos ser tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo e que o amor é o mais importante, sempre. E que os barcos têm uma alma: a alma de quem vive neles, da qual eu tive o privilégio de fazer parte por 7 dias.

Os moradores do Veleiro Ideafix

Os moradores do Veleiro Ideafix

A semana que eu vivi num veleiro

Eu já contei aqui no blog algumas vezes sobre intercâmbio de trabalho: você troca algumas horas de trabalho por casa e comida em suas viagens, e desta forma tem uma vivência completamente diferente do destino, conhece pessoas, e consegue viajar com muito menos dinheiro.

Há alguns meses atrás eu estava procurando trabalhos assim aqui pelo Brasil no site Workaway para minhas viagens dos próximos meses. Eu não conhecia Angra e foi passando por todas as oportunidades do estado do Rio que me deparei com o seguinte anúncio: “Venha me ajudar a bordo em Angra dos Reis e Ilha Grande“.

O Veleiro ideafix entre as Ilhas de Angra dos Reis

O Veleiro ideafix entre as Ilhas de Angra dos Reis

Imediatamente eu me lembrei dos livros do Amyr Klink e do relato de viagem para a Antartida a bordo do Paratii, e de como era a vida em um veleiro e toda a relação que se estabelece com o mar, os ventos e o barco. Qual não foi a minha felicidade quando meu e-mail foi respondido em menos de 24h.

Não foi assim tão fácil conciliar uma data que fosse boa para todos. Foram várias as tentativas e, depois de vários cancelamentos, finalmente conseguimos marcar. Dia 26 de outubro eu embarcaria no Veleiro Ideafix e viveria com Francisco e a Edinha por uma semana.

O trabalho

Cheguei numa segunda-feira à noite de um dia chuvoso. Para a semana, a desanimadora previsão de que haveria chuva para todos os dias. O coração completamente aberto para o que viesse. Um pouco de medo, como é normal em qualquer viagem.

Depois de uma primeira noite de sono um pouco agitada por conta do vento forte que às vezes parecia que iria destruir o barco (pelo menos para uma novata parecia, para quem já está acostumado era apenas um ventinho de nada…), fomos estudar os reparos que precisavam ser feitos no barco e comprar a matéria-prima que faltava.

Reparando a parede interna do Ideafix

Reparando a parede interna do Ideafix

O combinado foi, na parte interna, repararmos a parede que divide o salão da cabine de proa. Na externa, reparíamos o antiderrapante próximo ao mastro. No site, algumas alterações no design e na navegabilidade.

A chuva nos obrigou a começar pelo trabalho interno. Ficamos durante três dias olhando para fora e aproveitando qualquer estiada de alguns minutos para tomar as medidas e fazer os moldes do trabalho a ser feito no lado de fora. Quando caía a noite, íamos para o píer lutar com a fraca conexão wi-fi e tentar trabalhar no site.

Veleiro em Angra dos Reis

Cortando os moldes do antiderrapante

Cortando os moldes do antiderrapante

A vida a bordo

O Ideafix é um veleiro de 33 pés. Ele tem uma cabine de proa, que é o quarto do casal que vive lá, um banheiro, uma sala com dois sofás e uma mesa, uma cozinha e o cockpit, que é a parte externa onde está o timão (volante).

Eu dormia em um dos sofás da sala. Ao lado, a mesa pode ser baixada e juntar-se ao outro sofá, transformando-se em uma cama de casal. As refeições fazíamos na própria sala ou no cockpit, sentados ao ar livre olhando para a marina e todos os demais barcos.

Para cozinhar, os fogões tem uma grade em volta das panelas que protege para que elas não caiam com o balanço do mar. Para navegar, o melhor é ficar do lado de fora, porque ficando do lado de dentro o balanço nos causa enjoo muito rápido.

Numa pequena geladeira guardamos manteiga, leite, carne. Frutas e verdura são mantidas em redes do lado de fora, refrigeradas pela brisa do mar. Morando num veleiro, ou viajando sem data para voltar, aprende-se a selecionar apenas o extremamente necessário, e a viver com pouco, muito pouco.

Depois da tempestade vem a bonança

Depois de quatro dias de trabalho, e de chuva, amanheceu um belo dia ensolarado. Parece até que o clima organizou tudo para que não nos distraíssemos e terminássemos o trabalho no veleiro em Angra dos Reis antes de sair para nos divertir.

No quinto dia vivendo no mar, mas sem ter dado um mergulhozinho sequer, saímos “cedo” (ninguém estava com pressa) para as Ilha Botinas, duas ilhotas super lindas, logo na saída da Baía de Angra, para fazer snorkel.

Acho que já fazia mais de um ano que eu não usava meus pés de pato e minha máscara. Desde Cozumel, na verdade. Eu estava nervosa, e tive muito medo. Paramos a menos de 50 metros de uma ilha e eu fiquei paralisada antes de ter coragem de finalmente pular no mar e nadar até a pequena praia.

Primeiro Snorkel nas Ilhas de Angra

Primeiro snorkeling nas Ilhas de Angra

Foi quando eu finalmente cheguei no recife de corais das pedras em torno da ilha e me lembrei do prazer tranquilo que é apenas boiar com a cabeça para dentro da água, escutando só a minha respiração pelo cano do snorkel enquanto vejo os peixes que calmamente passeiam entre o jardim multicolorido.

Eu estava em “casa”. Depois da longa separação, aqui estávamos eu e o mergulho novamente. “Obrigada a mim mesma por ter me trazido para cá“, foi o meu pensamento. Que bom que eu venci mais uma vez o medo do desconhecido, e o medo de as coisas não saírem como eu havia imaginado, e ter me jogado nesta viagem pelos lugares que eu ainda não conheço no Brasil!

No dia seguinte, mais um dia de sol, e mais um passeio de barco entre as ilhas de Angra. Desta vez, tínhamos visitas, clientes dos passeios de barco do Ideafix. Levamos aquelas pessoas para se apaixonarem também pela região que nós, os moradores do Ideafix, escolhemos para viver.

No final de semana conheci também os amigos de outros veleiros, passeei no Bacanas II da Gil e do Marco, que me levaram para o Saco do Céu, um dos lugares mais lindos da Ilha Grande. Dizem que em noites de mar calmo, a água reflete as estrelas.

Saco do Céu Ilha Grande

Um dos cantinhos do Saco do Céu, em Ilha Grande

A despedida

Quando chegou a segunda-feira novamente, eu olhei tristemente para o calendário e me despedi da Edinha e do Francisco. Ah, sentimos todos uma peninha, porque uma semana passa tão rápido?

O mais difícil nas viagens é nos despedir das pessoas com quem nos conectamos. Viajando, estabelecemos laços muito mais rapidamente do que em casa, e é muito triste pensar que tão cedo vem a separação.

Mas a viagem tem que seguir. Levando-os no coração, irei me apaixonar por outros lugares e pessoas, e sempre poderei voltar para o Ideafix. “Trabalho há!”, me disse a Edinha deixando as portas, ou melhor, as gaiútas abertas!

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Sabático

Já pensou em nunca mais pagar hospedagem quando viaja?

Atualizado em 4/4/2016

Sim, isto é possível! E há pessoas viajando assim exatamente agora!

Eles se hospedam em lindas casas de campo, ou em frente à praia, e não pagam nada por isso. Bom, pelo menos não em dinheiro.

O House sitting é mais uma forma de intercâmbio de trabalho, específica para pessoas que cuidam de casas e animais quando viajam. Pessoas que têm uma casa com plantas e animais de estimação e vão fazer uma viagem longa, precisam de alguém para cuidar de tudo enquanto estão fora. E assim surgiram várias comunidades de House Sitting. Continuar lendo

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Sabático

Como negociar um intercâmbio de trabalho numa viagem

Atualizado em 23/03, às 9h

Intercâmbio de trabalho, também chamado de work exchange ou trabalho voluntário, é quando você troca algum serviço por outro, sem envolver dinheiro. Uma das formas mais baratas de viajar, principalmente em períodos longos, é trocar algumas horas de trampo por hospedagem e alimentação.

Você pode trabalhar na recepção ou na governança de um hostel e ganhar uma cama para dormir. Você pode cuidar de um bebê e ajudar na jardinagem de uma casa de família e ter um quarto para morar durantes uns meses.

Para quem vai viajar por vários meses, em um ano sabático por exemplo, fazer intercâmbio de trabalho pode ser uma maneira de viajar por muito mais tempo com bem menos dinheiro! Até porque eu aprendi, nessa vida nômade, que não gastar é o mesmo que ganhar!

Continue lendo para saber:

– Quem pode participar;

– Sites para encontrar oportunidades;

– Outras formas de entrar em contato com possíveis hosts;

– Qual a antecedência para fazer o contato;

– Como é o trabalho;

– Vistos e outras exigências;

– Como negociar um intercâmbio de trabalho que seja bom para as duas partes. Continuar lendo

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Bate-Papo, Sabático, Sua Viagem

Você daria a volta ao mundo de bicicleta?

Uma volta ao mundo em bicicleta faz com que todas as minhas viagens em classe econômica de avião, ônibus de segunda classe e me hospedando em hostels pareçam viagens de luxo. E se a viagem não for só o destino? Se toda a graça estiver no caminho?

Pablo Dadalti, um mineiro de 30 anos, engenheiro mecânico, me ensinou isso numa conversa super bacana que eu trago aqui para vocês. Ele trabalhou durante 4 anos numa empresa de projetos navais. A trajetória profissional dele é a dos sonhos de muita gente. Ele estava cotado para ser gerente em breve, e tinha sido escalado para um projeto no Japão, onde ficaria por 6 meses.

Pablo Dadalti em sua bicicleta

Pablo Dadalti em sua bicicleta

Ao invés de aceitar, ele pediu demissão. “Eu era a promessa da empresa, mas estava vivenciando de perto todo o stress do mundo corporativo. Fui muito sincero com eles: disse que não queria ser gerente, que eu gostava mesmo era da área técnica, mas que eu iria pedir demissão“. E foi rodar o mundo de bicicleta. Já passou pela Europa e agora está na América Latina.

 

Como a viagem começou?

Eu tinha alguns amigos que já tinham viajado de bike, então me encantei. No meio do ano passado comecei minha viagem pela Europa, mas não deu muito certo, fui sem planejar nada, e não tinha nenhuma experiência. A Europa é muito cara também!

Então na Europa eu cruzei Itália, Croácia, Monte Negro, um pedaço da Bósnia e Albânia. Eu não tinha lido um livro de cicloturismo sequer, passei várias noites em Mc Donald´s 24 horas. Não sabia que os cicloturistas em geral passam a noite em bombeiros, cruz vermelha, escolas. Eu corri riscos.

 

Que riscos?

Eu dormia em qualquer lugar, parques, praças. Não deixa de ser história para contar, mas quem falar que isso é bom está mentindo. É ruim! Dormir em um banco de praça ao léu.

Teve um dia que eu já tinha pedalado pela Croácia em direção à fronteira com Bósnia, quando parei numa tenda de frutas na estrada. Lá trabalhava um rapaz bem jovem que não falava inglês então, como eu já havia pedalado bastante, fiquei por lá com ele.

A gente não conseguia se comunicar bem, então passamos toda a tarde conversando por desenhos e mímicas. Cara super gente fina, ficou me dando frutas de presente, melhor pêssego que já comi na minha vida! Ficamos muitas horas conversando até a hora dele fechar a tenda, e eu ajudei a fechar. Consegui perguntar se poderia acampar na tenda, ele deixou acampar atrás dela e me deu um tonel de água pra eu me banhar.

Barraca de Frutas na Croácia

Barraca de Frutas na Croácia

Fiquei por lá e começou a anoitecer, então começou um movimento muito forte de estranhos no local. Aí me mandei pra vila que era do lado e dormi num banco de praça que ficava em frente o mar.  No final escrevi um recado em três línguas pro rapaz da tenda de frutas agradecendo e coloquei debaixo da porta da tenda quando fui embora pegar estrada no dia seguinte. Isso, mostra a melhor coisa de viajar em bike: as pessoas, o contato forte e amoroso com as pessoas locais que sempre te ajudam.

Aí eu decidi voltar para o Brasil e me replanejar. Li um livro de cicloturismo, Pelos Caminhos de Nuestra América Latina e me mandei pro México.

 

E na América Latina?

Com o tempo, a viagem foi se tornando parte do meu cotidiano, passei a me sentir mais a vontade em hostels, bombeiros, cruz vermelha e casa de pessoas que me deram um teto mesmo que por apenas uma noite. Passei a me sentir parte de uma família por cada lugar que passava, me abri, chorei, sorri, brinquei e me diverti. Fiz amigos e me despedi com uma velocidade incrível, aprendi a lidar: com a dor da despedida, com a falta das pessoas que amo, saudades, a viver uma vida muito mais simples, com apenas um par de roupas, um fogareiro, uma barraca e um bike.  Todo aprendizado que tive nessa viagem até o momento, 20 anos de estudo não me ensinariam.

Pablo e sua amiga Brenda

Pablo e sua amiga Brenda

Teve um dia que eu estava na (estrada) Panamericana e avistei uma senhora que me pediu para parar. “Quer umas bananas?!” Olhei para um lado e olhei para o outro, e respondi: “Sim, porque não”. Então ela me convidou para ir até sua casa para me presentear com as bananas, abacate com rapadura, 4 bananas e dizendo:

– Água fria não tenho porque aqui não tem geladeira mas pode pegar da torneira que sai fresquinha. Está com pressa?!

– Não…. porque?!
– Pq queria comprar uns ovos e fazer um almoço e te convidar, porque Deus me disse que temos que compartilhar, então vou compartilhar o pouco que tenho.

Aceitei e no final da história me presenteou também goiabas, mangostão (uma fruta típica) e queria me dar mais, mas já era muito peso para a bike. Saí de la feliz após um lindo abraço em Brenda e agradecido desse anjo ter cruzado em meu caminho!

 

Até quando você vai viajar?

Hahaha, a primeira pergunta que todos fazem.  Não tenho um destino, aprendi isso no meu caminho. Viajar de bike é ser livre, alguns ciclistas colocam metas, mas acredito que eles tem que aprender a viajar de bike. Viajar de bike é nao ter metas, o caminho é o mais importante!

A cada dia mudo tanto nessa viagem que é impossível! Aprendi a viver sem expectativas, sem pensar no futuro, viver o agora e aprender com o agora.

Colômbia

Colômbia

Qual é o seu conselho para quem quer fazer uma viagem parecida?

Ler um livro de cicloviagem, o resto você consegue ver depois. Existem muitos Homem Livre , Pelos Caminhos de Nuestra América, conversar com cicloturistas e saber como é. Perguntar sem vergonha onde dormiam, o que comiam, como era, se tomavam banho e etc.

Você deveria tentar viajar de bike e fazer parte dessa família linda que não para de crescer!

 

É preciso treinar muito?

Aprendi uma coisa muito importante na Guatemala: “Poco a poco”. Você pode fazer o que quiser numa bicicleta. Tem dias que eu pedalo 100 km, tem dias que eu pedalo 10. O importante não são os kilômetros por dia.

Pablo e os amigos de Viagem em uma Praia na Nicarágua

Pablo e os amigos de Viagem em uma Praia na Nicarágua

Nossa conversa durou muito mais ainda. Ele me disse que gasta em média 8-10 dólares por dia nesta viagem, e que na próxima etapa vai passar algum tempo viajando de bicicleta pelo Brasil e já está planejando seguir pela África e Ásia. Pablo já tinha o dinheiro guardado quando decidiu fazer a viagem, porque sempre foi muito simples e não gastava todo o salário que ganhava.

Me passou vários textos em sites, revistas e livros sobre cicloturismo. Acho que ele estava mesmo determinado a me convencer a me juntar aos cicloturistas! O que vocês acham?? Embarco nesta ou não???

 

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Palpitando, Sabático

Você não precisa largar tudo para viajar por meses!

Às vezes quando eu leio esses textos sobre largar tudo para viajar eu fico com a impressão de que conhecer o mundo é uma alternativa desesperada de pessoas que vivem vidas horríveis. Quem vive uma vida incrível não se interessa em viajar o mundo por meses?

Como se todas as pessoas que abrissem mão do emprego e fossem viver uma viagem tivessem ao mesmo tempo se curado de todos os males da alma e descoberto o segredo da felicidade.

Nada poderia ser mais falso. É hora de começar a falar a verdade sobre largar tudo para viajar. Talvez os que estejam espalhando sua mensagem sejam os que ficaram bem e conseguiram se encontrar, mas eu conheci várias pessoas durante a viagem que não tiveram a mesma trajetória. Elas largaram tudo, viajaram, gastaram todo o dinheiro, não conseguiram fugir dos seus problemas, e voltaram para casa cabisbaixos. Ou outros que eu vejo que ainda não concluíram este ciclo, mas estão caminhando para isso.

Viajar para fugir, para esquecer os problemas é uma armadilha. Lá do alto da montanha mais alta dos Andes ou do Himalaia estes problemas vão mandar um recado de que estão esperando pacientemente a sua volta.

 

Viajar por meses, sem largar tudo!

Eu quero ser alguém que inspira e ajuda as pessoas a viajarem o máximo que elas podem, mas sem irresponsabilidades. Sem falsas pregações.

É preciso falar sobre ano sabático, sobre como se planejar para tirar o melhor desta aventura, e sobre como criar um significado e um plano completo de vida no qual inserir o ano sabático.

Vamos ilustrar com o cenário mais comum: você está num trabalho que odeia. Você luta contra si mesmo todas as manhãs para levantar e ir para o trabalho; fica olhando o dia ensolarado pela janela e querendo estar lá fora fazendo qualquer coisa menos o seu trabalho; você está adoecendo; começou a ser uma pessoa negativa e amarga com seus amigos.

Se eu acho que é hora de você largar tudo?? Pode ser. Provavelmente o primeiro “tudo” que você precisa largar é o seu emprego, mas infelizmente largando o emprego o seu aluguel e as contas de água, luz, e supermercado não podem ser largadas também.

Porque você não faz um plano de se conhecer melhor, entender quais são as coisas que você gosta de fazer, qual seria seu emprego dos sonhos e então encaixa um ano sabático neste projeto? Um plano que envolva ler livros, fazer psicoterapia, sessões de coaching e que seja finalizado com alguns meses em outro país trabalhando como voluntário ou fazendo um curso para a sua nova carreira?

A viagem pode até vir antes, mas entende que se você não atacar a raiz do problema, o mais provável é que você voltará para casa quando seu suado dinheirinho (que você passou anos juntando) acabar e terá que encontrar outro emprego igualzinho ao anterior?

Outro cenário: seu relacionamento acabou. Você já não sabe mais quem é, não consegue imaginar sua vida sem seu antigo parceiro, caminhar pela rua é uma tortura porque cada esquina da cidade guarda as lembranças do seu romance.

Se viajar imediatamente é o melhor para você? Provavelmente.

Viajar sozinha pode ser a melhor forma de se conectar a você mesma, conviver um pouco com sua companhia e reaprender quem você é enquanto pessoa, não mais enquanto metade de um casal.

Mas também é preciso se cuidar um pouco antes de se afastar de todas as pessoas que gostam e se importam com você. Eu mesma já me apeguei a amigos recém-conhecidos e a romancezinhos de verão por não estar bem comigo mesma. Esperei de pessoas que eu tinha acabado de conhecer o cuidado e o acolhimento dos meus amigos aqui de casa. E não dá para esperar isso das pessoas!

Talvez neste caso a viagem pode sim ser deixada para o final do processo, para quando você já usou e abusou do colo dos seus amigos e familiares, quando já se dedicou a redescobrir as coisas que você gosta de fazer nesta nova fase da sua vida, quando já esperou a poeira baixar.

Quando faltar aquele último passo, vá! Vá aberta a conhecer novas pessoas, mas a não se entregar tão facilmente. Quando a companhia das pessoas seja uma opção leve, e não uma necessidade.

 

E se estiver tudo bem?

Outro cenário pouco explorado é quando você mora numa cidade que gosta, cercado por pessoas maravilhosas e num emprego bacana que você não gostaria de perder.

Se você deve viajar? SIM!!!! Claro! Se você já tem uma vida incrível tem todas as condições de deixá-la ainda mais incrível!

Eu conheci pessoas que conversaram com o chefe, explicaram que queriam viver uma experiência diferente e que gostariam de tirar uns meses de férias. Pegaram parte da poupança, ou venderam alguns bens e saíram para conhecer o mundo. O que elas deixaram? A porta aberta para quando voltassem.

Quando você tem um plano claro, mesmo estando aberto a mudar de idéia no caminho, as pessoas a respeitam. Elas entendem que para você pode ser importante viver um ano fora do seu país para aprender outra língua, fazer trabalho voluntário, trilhas super difíceis e escalar vulcões, ou simplesmente para viver um ano sem compromissos de trabalho.

 

Inconsequência não é liberdade

Tem um desses ditados antigos que diz que somos escravos das nossas decisões. Tudo o que fizermos na vida ficará marcado em nossa história e determina quem somos. Não podemos apagar nada do que passou.

Claro que uma viagem pelo mundo nunca é uma decisão ruim, porque independente do que acontecer, você vai aprender e crescer muito. Mas, porque não aproveitar a oportunidade, e todo o esforço que é juntar dinheiro durante meses, e fazer uma viagem melhor planejada?

Porque não entender que não podemos fugir dos nossos problemas, e que a viagem não vai solucionar nada para nós? E então ser capaz de dar um significado para ela. Voltar para casa tranquilos e seguros de que, mesmo com todos os desafios que teremos pelo resto de nossas vidas, nós nos tornamos pessoas melhores. Mais fortes, mais calmos e mais otimistas.

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Palpitando, Sabático

O que acontece depois do Ano Sabático?

Às vezes é importante saber disso antes de tomar a decisão. Eu quero viajar por meses, mas o que acontece depois do Ano Sabático? Como eu consigo outro emprego? Como eu uso os aprendizados da viagem na minha rotina? Como eu me acostumo a não viajar novamente?

Primeiro, todas as suas preocupações são verdadeiras! Você vai voltar da viagem sem emprego e sem dinheiro, porém mais tranquilo, motivado e inspirado.  Vai se conhecer muito melhor. Estará louca para matar as saudades de todas as pessoas de quem você ficou longe, e também vai se irritar um pouco por tudo estar tão igual ao que deixou.

O período de transição, entre o retorno da viagem e a recolocação no mercado de trabalho, a readaptação à rotina será o mais difícil. Mas quando ele passar, você conseguirá enxergar claramente quais foram os ganhos para o seu bem-estar e a busca da sua felicidade proporcionados pelo período sabático.

Mas afinal, o que eu posso fazer? Como aproveitar a experiência para conseguir um emprego e uma rotina melhores? Continue lendo.

Como conseguir outro emprego depois do ano sabático?

Antes da minha viagem, que começou em janeiro de 2014, eu li e reli 300 vezes todos os blogs de pessoas que tinham feito voltas ao mundo, com muita atenção para a parte que falava sobre o retorno. Sem exceções, todos pareciam muito satisfeitos por ter aprendido a viver com menos, muito motivados a abrir um negócio e a participar de entrevistas de trabalho com recrutadores empolgados pela experiências que eles acabaram de viver.

Tenho que admitir que esta “promessa” me deixou bem animada e mais confiante em pedir demissão do meu emprego estável como servidora pública para viajar em busca de experiências.

Selecione as vagas

Mas eu queria alertar aqui de que o “diferencial” de ter vivido um ano sabático não vai ajudar muito se você não souber selecionar as vagas para as quais se candidatará e inserir o ano sabático da maneira correta no seu currículo.

Conseguir um emprego é muito parecido a conseguir um namorado. O primeiro aspecto que afasta os possíveis pretendentes é o candidato desesperado. Já viu como é desinteressante quando a pessoa transparece que está disposta a qualquer coisa, porque não quer mais ficar sozinha?

Com o emprego é a mesma coisa. Não se candidate a vagas para as quais você não cumpre os requisitos porque nem mesmo a incrível e “exótica” experiência de ter vivido o Ano Sabático vai garantir a sua contratação. Não se desespere por estar sem emprego. Afinal, você não saiu de uma vaga bacana para voltar e aceitar qualquer coisa, né?

Isso vai apenas gerar frustração, num momento tenso em que você precisa de auto-confiança. Você estará sem dinheiro por causa da viagem, mas tem que saber exatamente qual é o tipo de cargo que quer ocupar.

Em vagas de seu interesse, adicione o Ano Sabático no currículo com data, lugares visitados, experiências de trabalho voluntário, ou algum projeto cumprido durante a viagem. Escalou uma montanha? Viveu um mês numa tribo isolada? Relate o que atesta que você é determinado, rompe desafios, sai do óbvio. Coloque a experiência como informações adicionais, mas com o destaque merecido.

Tenha uma reserva

Para passar melhor por esta fase de transição, reserve no orçamento da viagem uma quantia suficiente para viver alguns meses enquanto procura trabalho. Não precisa ser o mesmo que você gasta hoje, pode ser bem menos. Às vezes um salário mínimo por mês pode ser suficiente.

Faça contatos antes e durante a viagem

Já comece a pesquisar as alternativas de trabalho antes da viagem. Ao sair do seu trabalho, deixe contatos na manga. Comente com algumas pessoas que podem indicar você para trabalhos ou empregos, explique quais são seus objetivos com a viagem e depois dela.

É verdade que muita coisa pode mudar durante este período – inclusive parte da graça é justamente não saber o que vai acontecer. Mas não custa ter esta preocupação.

Eu saí para a viagem com uma idéia de trabalho para quando voltasse. Mesmo sem ter certeza do que eu queria fazer, escrevi para várias pessoas que conheci por causa do meu emprego anterior e comentei que estava tirando um tempo para mim, e que voltaria um ano depois para atuar como consultora.

Estas pessoas me acompanharam durante toda a viagem e me mantiveram em mente. Ao voltar, elas me admiravam e me indicaram para trabalhos como consultora.

O minimalismo

Eu estava muito orgulhosa da minha mala de 10kg durante toda a viagem. Ali eu tinha todas as roupas que eu precisava para fazer uma trilha, uma entrevista de emprego e sair a noite. Eram basicamente as mesmas peças, apenas com acessórios e atitudes diferentes.

Antes da viagem me lembro de ler muitos relatos falando exatamente que as pessoas aprenderam a viver melhor com menos, comendo melhor e enxergando a beleza nas pequenas coisas.

Andar pelas ruas de uma grande cidade observando as pessoas passou a ser um programa bacana para um dia de semana à tarde. Sentar em um parque com um garrafa de vinho, um queijo e algumas frutas virou o ideal de um dia perfeito.

O desafio é se manter neste mesmo estado de espírito quando você volta para casa. É frustrante perceber que enquanto você mudou e aprendeu a viver com menos, seus amigos e família não fizeram o mesmo movimento. Eles continuarão convidando para restaurantes caros e não estarão nem um pouco dispostos a ser mochileiros em suas cidades.

Vai caber a você decidir o quanto do minimalismo da viagem vai querer implementar em sua vida. Quais hábitos de alimentação, exercício físico e consumo vai manter após voltar.

 

O estresse

Ficar duas horas dentro de um ônibus não é lá tão sofrido. Você se distrai, olha pela janela, escuta expressões diferentes, observa as pessoas. Pensa na vida, pensa no quanto você é abençoado por estar vivendo aquela experiência e sente o prazer da expectativa para chegar a um lugar diferente.

Em casa, as pessoas não são tão exóticas. Na verdade são bem previsíveis. Enquanto você tenta manter a calma, elas estão sendo grosseiras e violentas no trânsito. O lugar para o qual você está se dirigindo não é nenhuma novidade.

Muito rápido, o estresse com o trânsito vai te agarrar novamente. E novamente a responsabilidade será sua de manter a curiosidade e a criatividade ativas enquanto faz atividades estressantes, como encarar um engarrafamento.

Em seu novo trabalho, também estarão presentes todos os elementos que antes faziam com que você não estivesse satisfeito com a sua rotina. A idéia é depois da viagem procurar um trabalho que seja mais de acordo com você, mesmo que o salário seja um pouco menor. Algo mais parecido com suas expectativas, e onde você possa usar a motivação e a criatividade conquistadas ao longo da viagem.

 

Uma dica final

Evite falar mal do seu trabalho em qualquer manifestação pública sobre a sua decisão de pedir demissão e viajar. Não há nada mais antiético do que você falar mal de uma empresa ou do seu cargo depois que sair da empresa. Eu sei que muitas vezes pedimos demissão porque não concordamos com a cultura organizacional, ou até por não concordar com atitudes corruptas dos líderes. Contudo, isso não precisa ser publicado no facebook, blog ou no seu discurso de despedida num bar lotado de pessoas.

Reserve o seu desabafo para amigos mais próximos ou para um diário pessoal. Para o mundo, você quer aparecer como alguém positivo, que está tomando esta decisão por causa de todas as oportunidades que ela traz, e não porque já não aguentava mais uma vida horrível no trabalho anterior.

O Ano Sabático pode ser a melhor escolha da sua vida. Por mais que eu tenha tentado mostrar todos os lados negativos e difíceis do seu retorno, não consigo imaginar um cenário em que esta viagem tenha sido uma decisão ruim. Mesmo quando você demora um pouco a se reencontrar, tudo o que você construir pessoal e profissionalmente após o Ano Sabático será muito mais maduro, criativo e honesto com você mesmo.

O meu principal conselho para afastar de vez suas dúvidas é o planejamento. Tenha um plano minimanente traçado dos seus objetivos com a viagem e uma reserva financeira para o retorno. Desta forma, você conseguirá ter uma experiência incrível e valiosa para a sua vida.

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Bate-Papo, Sabático

30 países, 5 anos e a vida numa casa nômade

Sem poder mais abandonar a estrada, os jornalistas mineiros Renato Weil e Glória Tupinambás agora iniciam um novo projeto, a Casa Nômade, com qual pretendem percorrer as Américas. Eles perceberam – durante um mochilão de um ano e meio, que deu origem ao livro O Mundo em Minas – que o motorhome poderia ser uma forma de fazer turismo, desbravar lugares e conhecer culturas levando a cama e o restaurante juntos para onde fossem.

O casal nômade investiu as economias na montagem da casa sobre rodas e parte agora para a conquista de novos territórios, começando por Minas Gerais (na foto acima, em Sabará), passando por cerca de 30 países das três Américas.

Serão cinco anos de muito chão. Confira abaixo os detalhes da expedição com a Glória e veja as dicas que ela deu aos leitores do Planejo Viajar que sonham um sonho parecido.

O livro O Mundo em Minas será lançado amanhã no Memorial da Vale, em Belo Horizonte (MG), junto com uma exposição fotográfica que ficará em cartaz até 27 de setembro, com entrada gratuita.

Planejo Viajar – Como foi a preparação da Casa Nômade? 

Glória Tupinambás – Durante cinco meses, uma Mercedes Benz Sprinter 515, zero quilômetro, ficou confinada em uma oficina para se transformar no nosso lar. Dentro de uma carroceria baú de menos de 10 metros quadrados, coube, bem apertadinho, cama, banheiro, geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, armários, mesa, cadeira, baterias, geradores, placas de energia solar e até uma moto.

Mas o sonho de construir um motorhome nasceu há dois anos, quando fazíamos um mochilão pela Austrália. Lá, alugamos um motorhome para viajar pela Costa do Pacífico e descobrimos que, daquela forma, era possível fazer turismo levando o carro, a casa e o restaurante juntos em um só lugar. A partir dessa experiência, começamos a reunir nossas economias para construir um motorhome com o objetivo de viajar pelos próximos cinco anos, pelas três Américas.

P.V. – Usaram recursos próprios ou foi um projeto de alguma lei de incentivo

G.T. – Usamos recursos próprios para montagem do motorhome da Casa Nômade. Ao todo, nós investimos R$ 160 mil. O objetivo principal da nossa viagem pelas Américas é produzir um livro e, este sim, deve ter apoio da Lei de Incentivo à Cultura. Atualmente, estamos finalizando um outro projeto  – O Mundo em Minas – em que percorremos 59 países, dos cinco continentes, para fazer um paralelo com a cultura de Minas Gerais. Nesse caso, a produção do livro teve o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

P.V. – Como vocês conciliam as diferenças durante as viagens?

G.T. – Diferenças entre casal??? Sei que pode soar falso, mas eu e Renato quase não temos diferenças. Em 10 anos de convivência, nunca discutimos ou brigamos. Durante as viagens, conversamos muito para montar um roteiro interessante para os passeios e, quando surge alguma divergência de interesses, a gente negocia, cada um cede um pouco e acabamos chegando em um consenso, sem grandes tempestades.

A Casa Nômade chegando no Santuário do Caraça, em Santa Barbara.Serra do Caraca..santuario.

A Casa Nômade chegando no Santuário do Caraça, em Santa Bárbara (Foto: Renato Weil)

 

P.V. – Hoje muita gente tem vontade de largar tudo e viver viajando. Conciliar trabalho e viagem é realmente possível? É viável, financeiramente?

G.T –Como as férias ficaram pequenas para o nosso imenso desejo de viajar, decidimos fazer das viagens uma profissão. Mas essa decisão também implicou em uma mudança de padrões de vida. Nós alugamos um apartamento e um sítio para conseguir renda para viabilizar as viagens e cortamos de nossas vidas todo tipo de gasto supérfluo.

Todo o dinheiro antes gasto com roupas, sapatos, trocas de carro, reformas no apartamento, salão de beleza, etc, agora está canalizado para a Casa Nômade.

O motorhome é uma boa alternativa para fazer uma viagem de baixo custo. Apesar do investimento relativamente alto para a montagem, ele permite uma economia significativa em hospedagem e alimentação.

P.V. – Que conselhos dão para quem quer viabilizar o sonho de ser nômade, viajar e trabalhar ao mesmo tempo?

G.T. – Planeje-se! Antes de embarcar em qualquer aventura ou colocar o pé na estrada, é preciso ter um bom planejamento financeiro. Faça economias, reúna um bom pé de meia e vá em busca de um trabalho que lhe dê prazer. Ter essas garantias em mãos pode ser importante para dar estabilidade à pessoa até que o negócio deslanche.

PV – Sobre o livro que estão lançando, como chegaram ao resultado final?

G.T.– Viajamos por 59 países, dos cinco continentes, sem nenhuma pretensão de escrever um livro e sem aguçar o olhar para quaisquer semelhanças entre os lugares que visitávamos e a nossa terra, Minas Gerais. Mas, em uma dessas idas e vindas ao Brasil, o amigo e produtor cultural Dalton Miranda apontou para uma similaridade entre o Uluru (Ayers Rock), uma imensa rocha presente no outback Australiano, e um paredão de pedras na Serra da Canastra. A partir daí, ficamos fascinados com a possibilidade de buscar o elo que liga Minas à cultura de outros países. Assim nasceu o livro e a exposição fotográfica O Mundo em Minas.

Ao perceber que imagens e flagrantes captados nos lugares mais remotos do mundo remetiam ao que há de mais arraigado na cultura de Minas Gerais, a necessidade de buscar um paralelo entre o local e o universal se tornou uma verdadeira obsessão. Com um mapa de Minas nas mãos, nós dividimos o estado em dez regiões e visitamos mais de 100 cidades. E nessas viagens, nós comprovamos que culturas que, à primeira vista distantes de nós, vão, aos poucos, se aproximando de universos paralelos e com impressionantes afinidades. Esta correlação se faz presente em crenças, folclores, ofícios, paisagens, transações, meios de transporte…

Um exemplo de comparação feita no livro é Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG) com Myanmar (fotos abaixo): ” É na poeira das estradas de terra que Minas Gerais se revela ao mundo. Seja no rastro de cavaleiros de Santana do Araçuaí ou no charme rudimentar dos carroções de bois que cortam o sertão mineiro e fazem lembrar, com o ranger de suas rodas empenadas, a trilha sonora de Myanmar, um país que, depois de meio século fechado sob as mãos de ferro da ditadura militar, começa a sentir o sopro dos ventos da mudança.”

Foto: Renato Weil

Carroções de boi e um templo budista em Bagan, Myanmar, no Sudeste Asiático

 

Renato Weil 2014.Joaima-MG.Cavaleiros na estrada de santana do aracuai

Santana do Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais

 

Anote na agenda

Exposição O Mundo em Minas
De 12 de agosto a 27 de setembro de 2015

Horários

Terças, quartas, sextas-feiras e sábados: das 10h às 17h30

Quintas: das 10h às 21h30

Domingos: das 10h às 15h30

Onde

Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade, 640 – esquina com Rua Gonçalves Dias – Bairro Funcionários

(31) 3308-4000

www.memorialvale.com.br

 

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Bate-Papo, Sabático, Sua Viagem

Conheça a história do brasileiro está viajando o mundo há dez anos!

Rodrigo Guimarães de Souza. Como ele mesmo diz, um nome comum para um “cara” comum.

#SQN!!

Rodrigo já percorreu mais de 100 países nos últimos 10 anos, já foi soldado, instrutor de ski e snowboard, guia de mergulho, camareiro, estudante e milhares de outras coisas.

Aos 25 anos, ele percebeu que apesar de ter feito uma boa faculdade e ter um bom emprego, família e tudo que alguém acha que busca na vida, não estava feliz. Ele não vivia a vida que mais queria, e não tinha tempo de gastar o dinheiro que ganhava.

Juntou grana por dois anos, largou tudo e começou uma viagem que já dura uma década. Ele não pensa em voltar para o Brasil e construir uma vida estável tão cedo!

Conheça mais sobre a história do Rodrigo nesta entrevista que ele nos deu enquanto fazia as malas na Coréia, para viajar para o Japão e Taiwan.

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Dicas, Mochilar, Palpitando, Sabático

Como trabalhar viajando

Ultimamente está na moda largar tudo para viajar o mundo. Todo mundo tem pelo menos um conhecido que pediu uma licença no trabalho (ou demissão), trancou a academia, terminou o namoro, alugou o quarto e saiu com uma mochila nas costas e poucas certezas sobre o futuro.

Antigamente era comum pensar que viajar o mundo por um ano (ou dois, três, dez…) era um luxo para pessoas que tinham muito dinheiro, ou que tinham uma família que lhes enviaria dinheiro todos os meses. A verdade é que esta galera está indo com pouca grana, se virando entre um bico e outro, e bancando a viagem sozinha.

Alguns deles inclusive estão ganhando o mesmo que ganhavam quando trabalhavam de 8h às 18h em sua cidade, ou até mais. Continuar lendo

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Palpitando, Sabático

Os 3 maiores motivos de celebração dos meus 30 anos!

Hoje é o meu aniversário, eu estou completando 30 anos! E esses 30 não são apenas uma contagem formal de tempo. São a conclusão de uma etapa de amadurecimento, aprendizado, que só o tempo, nada mais do que o tempo, pode trazer.

Eu sempre gostei de comemorar aniversários. São uma das poucas situações em que paramos para celebrar a vida por si só. As pequenas conquistas cotidianas, todos os momentos em que aprendemos a ser mais generosos, compreensivos, sensatos.

Tempo. Eu dedico meu aniversário ao tempo. Ao quanto ele nos dá perpectiva para olhar para tudo, e tomar decisões. Ao quanto ele permite ser dominado por nós, mas não exita nos dominar caso não tomemos as rédeas.Ao quanto ele vai tornando nossos planos realidade passo a passo, nem mais rápido nem mais lento do que o necessário.

Ao lado de cada dia dos últimos 30 anos e de suas pequenas conquistas, eu tenho pelo menos três grandes motivos para comemorar hoje! Continuar lendo

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Palpitando, Sabático

Um ano depois: os dois lados da moeda de um ano sabático

Há exatamente um ano, dia 21 de janeiro de 2014, eu embarcava para a Cidade do México com uma passagem só de ida e muitos sonhos.

A verdade é que eu tinha várias idéias sobre o que poderia acontecer. Me via virando uma consultora em turismo, escritora sobre os lugares que eu conheci, trabalhando em empresas turísticas, e até mesmo retomando a minha vida de servidora pública depois de viajar um tempo. Para mim, poderia acontecer tudo, inclusive nada!

Acho que esse foi meu grande acerto: reduzir as expectativas. Mesmo dando um passo tão grande e revolucionário, pela primeira vez eu não criei um plano completo de tudo que teria que acontecer. Até porque as nossas expectativas, na maioria das vezes, só servem como parâmetro das nossas decepções.

Refúgio de Montanha em Bariloche - Argentina

Refúgio de Montanha em Bariloche – Argentina

Eu me lembro de ter a consciência de que talvez as minhas economias não durariam o ano inteiro, e que  minha aventura poderia acabar um pouco antes. Mas com orgulho posso afirmar que duraram 365 dias, e ainda restou uma margem de segurança.

É muito libertador viver com pouco dinheiro! É perceber na prática o que a gente sabe na teoria: a felicidade não está nas nossas posses, e sim nos nossos momentos. E muitos deles são grátis! Vivendo com 30% do que eu gastava por mês quando morava em Brasília eu me diverti muito mais e, o mais importante, vivendo exatamente a vida que eu queria.

Mas se engana quem pensa que tudo é um mar de rosas. Fui roubada, meu computador estragou quando eu mais precisava dele, perdi dinheiro, tentaram me enganar. Senti decepção, insegurança, medo, raiva.

E nestes 365 dias eu aprendi que o que a gente espera da vida é sentir. Felicidade, tristeza, raiva, ódio, amor. Boas ou ruins, queremos sensações porque elas nos fazem sentir vivos. Até dizem que o contrário da felicidade não é a tristeza, e sim o tédio. Como o contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença. Muito melhor sentir algo, do que não sentir nada!

Reserva Nacional de Paracas - Peru

Reserva Nacional de Paracas – Peru

Olhando para trás eu me sinto com uma responsabilidade muito grande. Eu abri mão de muita coisa! De um emprego estável no serviço público onde eu já tinha direitos acumulados pela antiguidade, do convívio diário com minha família e amigos. A minha vida era boa, muito boa! Se eu quis fazer uma mudança, ela tem que ser para muito melhor, ou pelo menos para uma vida tão boa quanto.

Tendo completado um ano, exatamente o prazo que eu estabeleci como duração dessa aventura, a única certeza que eu tenho é que eu quero seguir vivendo assim. Sem destino fixo, trabalhando pela internet, escrevendo. Posso até ganhar menos do que eu ganhava antes, mas eu quero ser livre. E ver que isso é ainda uma possibilidade em construção, sem nenhuma garantia, é bem assustador.

Botando na balança todos os aprendizados de vida e todos os desafios que eu estou enfrentando um ano depois, posso apenas dizer que não me arrependo. Seguramente esse ano sabático valeu a pena, e vale a pena seguir tentando. E como sempre, quero estar aberta às possibilidades que a vida me trouxer. Sempre fiel ao meu único compromisso: ser feliz!

 

 

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Palpitando, Sabático

14 melhores momentos de 2014

Finalmente chegou o momento de fazer o balanço e a retrospectiva do ano mais louco e mais intenso da minha vida. Foi o ano em que eu pedi demissão do meu trabalho logo em janeiro para embarcar numa viagem apenas com passagens de ida. Visitei 6 países, 3 deles pela primeira vez, vivi uma Copa do Mundo em meu país, e aprendi mais do que nunca sobre o mundo e sobre mim mesma.

O ano teve 2014 (ou mais) momentos maravilhosos e inesquecíveis, mas eu consegui a impossível tarefa de reservar 14 para dividir com vocês.

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Dicas, Mochilar, Sabático

Trabalho voluntário: uma maneira de viajar (quase) grátis

Trabalhar como voluntário em uma viagem é uma ótima maneira de economizar, ter uma experiência mais rica no destino e, de quebra, ajudar as pessoas.

Aqui estou falando de pessoas que tem um hostel, um cama e café, uma fazenda, e não tem condições de pagar funcionários para o serviço. Em geral, elas oferecem casa e comida em troca de algumas horas de trabalho por semana.

É bacana porque enquanto trabalha você aprende algo novo, convive com os moradores do local, e ajuda quem precisa. E mesmo tendo esse “compromisso” ainda sobra bastante tempo livre para passear pela região. Muitas vezes quem o hospeda tem várias dicas para visitar os melhores pontos e quem sabe oportunidades de conhecê-los muito mais barato, ou até de graça. Continuar lendo

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Argentina, Bariloche, Palpitando, Sabático

Viajar é se auto-superar!

Viajar de férias também é se auto-superar. Se propor a ir bem além dos seus limites, às vezes, pode ser uma experiência muito recompensadora.

Alguns dias antes de vir a Bariloche, se me perguntassem se eu toparia fazer uma trilha de bicicleta numa região montanhosa em um percurso de quase 30 km, eu certamente diria que não! Isso porque infelizmente nunca tive o hábito de praticar esportes, e minha resistência para exercícios é bem baixa. Continuar lendo

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Palpitando, Sabático

A magia da primeira vez

Estou em Bariloche, na Argentina, sentada em frente a uma janela vendo a neve cair e escutando um jazz instrumental dos anos 30 – que segundo um amigo, é música de neve. Quantas vezes você já fez isso?

Para mim é a primeira. A primeira neve que me inspira a escrever depois de horas de contemplação silenciosa e de uma caminhada pela rua para senti-la caindo sobre mim.

Minha vontade agora é parar o tempo. Quero que este momento dure para sempre. Porque nunca mais nenhum dia nevado vai ser como hoje. Hoje vai ser para sempre o primeiro dia de neve da minha nem tão curta vida. Continuar lendo

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Palpitando, Sabático

Três coisas que eu aprendi pedindo demissão para viajar

Faz pouco mais de um mês que eu pedi demissão do meu trabalho e vim para o México. Eu não sei se eu vou passar um semestre aqui, se estou dando a volta ao mundo, ou se vou imigrar para outro país. Só sei que fico dois meses na ilha de Cozumel e que não faço idéia do que farei depois.

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