A primeira frase do vídeo de instruções para o mergulho é: “Prepare-se para conhecer um mundo que a maioria das pessoas não conhece!”. Quem pratica o mergulho – ou pelo menos praticou uma vez na vida – é privilegiado, conhece os outros dois terços do planeta menos frequentados por humanos.

Eu não pensava em fazer mergulho, só de imaginar me sentia claustrofóbica. Mas então quando fui à Colômbia ia ficar 8 dias em San Andrés sozinha e imaginei que o tédio fosse me contagiar. Foi quando a ideia do curso de mergulho me ocorreu!

Minha primeira aula de mergulho. Foto: Jorge dos Oceanos

Primeira aula de Mergulho com Thomas Aguirre e a Instrutora Ayelen Sabin, em San Andrés na Colômbia (Foto: Jorge Dos Oceanos)

Este texto não virá acompanhado por fotos subaquáticas, e vamos praticar o meu poder de descrição e o da imaginação dos leitores. Até porque uma das minhas primeiras constatações é a de que as imagens do fundo do mar não conseguem retratar nem 10% da experiência da imersão. Por isso mesmo, a afirmação de que quem pratica mergulho conhece algo que quem não saiu da superfície não conhece fica ainda mais verdadeira.

A visão é bem mais límpida do que nas fotos e vídeos que você já viu. As câmeras não conseguem captar todas as cores dos peixes e corais e deixam a paisagem toda azul. Mas o fundo do mar é muito mais colorido, e com cores bem diferentes das do mundo aqui fora da água.

Em mesmo recife você verá um laranjado enferrujado quase fluorescente, ao lado de um azul royal brilhante, um amarelo mostarda, uns tons bem escuros entre o preto e o marrom, em diferentes texturas. Fora a possibilidade de ver como os peixes se comportam, que eles também gostam da sombra. (heheheh)

A variedade no fundo do mar é muito maior na profundidade do que o que se consegue observar com uma flutuação perto da praia. Em uma mesma imersão você vai ver desde cardumes de peixes de poucos milímetros até, com sorte, golfinhos e tubarões. E alguns ficam concentrados em uma esponja do mar enquanto outros nadam no seu horizonte formando um cenário parecido a um aquário com centenas de espécimes num balé orquestrado.

Outra sensação única no mergulho é o controle da flutuação. Imagine um astronauta em uma estação espacial onde não há gravidade: a sensação deve ser parecida. Além de se deslocar para frente e para os lados, pode-se deslocar para cima e para baixo. No mergulho a observação pode ser de cima para baixo – como se estivesse voando -, entrar em cavernas, e descer um abismo gradualmente.

Embora não seja uma atividade que exige altos níveis de preparo físico, é possível gastar até 900 calorias em uma hora! A respiração deve ser contínua, profunda e lenta. Minha instrutora costumava dizer que é como na prática da ioga. Além disso, é muito diferente respirar embaixo da água. É uma atividade super relaxante!

Por fim, pense visitar todo esse mundo lindo em silêncio! Não é possível falar ao mergulhar, e a comunicação com os companheiros será feita por sinais.

Depois das minhas últimas aulas práticas saí pela rua de San Andrés extasiada, sentindo uma emoção muito forte! Aquela ilha vai ser sempre um lugar especial para mim por ter me proporcionado essa experiência.

Deixo este relato como uma provocação, você já pensou em experimentar mergulho? Já pensou em entrar para este restrito grupo dos que conhecem o fundo do mar?