Bate-Papo

Rafael Fragoso: programador, empreendedor e nômade digital

Na série #trabalharviajando não poderia faltar um programador. A profissão que eu considero a menina dos olhos de qualquer aspirante a nômade digital chega com uma participação para lá de especial. O Rafael Fragoso, além de um amigo, é um grande parceiro! Nos conhecemos há poucas semanas e já temos vários projetos juntos.

O primeiro deles é o blog Nômades na Web. Essa semana o blog ganhou um design novo todo lindo! E o conteúdo que eu e o Rafael estamos publicando ajuda a responder perguntas que todos nós nos fazemos enquanto trabalhamos remotamente. Hoje causou a maior polêmica nas redes sociais com o post Ganhar mais de 14 mil todo mês? Como?

Quando não está fazendo planos para dominar o mundo, Rafael Fragoso trabalha como programador para uma startup americana (e ganha em dólares), participa de fóruns, dá palestras e está montando um curso de JavaScript para ensinar o que sabe a mais gente. Também tem uma namorada linda e um cachorro que mora com eles.

Simpático, né? Continue lendo para conhecer mais sobre ele.

Rafael Fragoso e Natália Amorim em Buenos Aires

Rafael Fragoso e Natália Amorim em Buenos Aires

 

Planejo Viajar – Como você começou a programar?

Rafael Fragoso –Tinha 13 anos (hoje tenho 22). O Orkut estava bombando na época e eu comecei a estudar HTML pra aprender a fazer aqueles scraps maneiros e coloridos. Sempre tive vontade de ter um espaço meu na internet, achava muito maneiro, tinha muita curiosidade. Antes dos 13 anos eu também já tinha interesse por computação, mas a situação financeira da minha família não me permitiu começar mais cedo – computadores e internet eram coisas muito caras no Brasil. Então, fiquei apenas na área dos videogames e eu era muito bom naquilo. Cheguei a descobrir uns glitches nos jogos do Pokemon no GameBoy, que permitiam clonar Pokemons desligando e ligando o GameBoy, entre outras coisas. Eu era viciado. (Mas também não deixei de ser um menino comum, jogando bola na rua, vários amigos, festinhas, etc… Bem old school).


P.V. – E você programa profissionalmente (entenda-se “ganha dinheiro”) desde quando?

R.F. – Olha, até os 14-15 anos eu era o famoso “sobrinho”: pegava uns projetos com famílias de amigos e dentro da minha própria família. Acho que todo desenvolvedor começa assim. Lá pelos 16 anos eu comecei a estagiar e aprender o que o mercado estava realmente precisando.

Cheguei a fazer um curso na antiga Microcamp de Web Design que não me serviu de muita coisa, até terminei o curso antes da minha turma, por estar muito à frente (sem querer me gabar!). Comecei a ganhar um dinheiro BOM mesmo com 18 anos, quando comecei a trabalhar remoto para uma empresa americana. Naquela época o dólar ainda estava a R$ 2.

P.V – Você sempre trabalhou remotamente?

R.F.– Não, eu já tive minha carteira assinada umas duas vezes, mas não conseguia ficar mais de três meses trabalhando dentro de um escritório, mesma coisa com os estágios que fiz antes. Aí resolvi me conformar e aceitar que escritórios não eram para mim. Não dá pra se sentir motivado fazendo a mesma coisa todos os dias, perdendo horas no trânsito, sem tempo de passear ou até mesmo praticar alguma atividade física. Daqui a alguns anos ou você me verá trabalhando remoto para outras empresas ou trabalhando remoto para a minha própria empresa.

Rafael Fragoso em Londres

Rafael Fragoso em Londres: nada como um passeio interativo

P.V – E com o que você trabalha hoje?

R. F. – Estou atualmente trabalhando em tempo integral para uma empresa americana e montando um curso de JavaScript que pretendo lançar agora em agosto. Também tenho dois blogs, um pessoal onde vou começar a fazer postagens sobre software e TI (em Inglês) e outro sobre nômades digitais.

Estou reformando meu apartamento e criando um estúdio para poder gerar melhor conteúdo e facilitar meu trabalho enquanto estiver no Brasil. Ainda estou pensando num jeito de disponibilizar esse meu estúdio pro pessoal que estiver no Rio poder usar também, mas isso é mais pra frente.

P.V. – Você sempre viajou enquanto trabalha?

R.F.– Não, isso é uma coisa muito frustrante pra mim. Desde os 18 anos eu venho tentando conseguir um visto americano para visitar o país e conhecer os meus clientes. Minha entrada sempre foi negada, mesmo tendo dinheiro, tempo, etc. Já tinha ido à Argentina e alguns outros estados no Brasil e esse ano resolvi colocar o pé na estrada. Visitei alguns países na Europa, palestrei na Irlanda, conheci outros nômades digitais e trabalhei. Agora estou de volta ao Brasil reformando meu apartamento pra poder anunciar no Airbnb e colocar o pé na estrada de novo (mas ainda não desisti dos EUA).

P.V. – Porque você acha que os EUA negam seu visto? Tem a ver com a sua forma de trabalho?

R.F – Sim, eu até entendo. Se eu fosse o funcionário do consulado e atendesse um rapaz de 22 anos, com dinheiro, solteiro, sem nenhum vínculo com o país de origem e trabalhando em TI para empresas dos Estados Unidos, também negaria. Meu estilo de vida me prejudicou nesse caso. Mas, planejando uma viagem a Disney ou uma viagem romântica para São Francisco com a namorada, quem sabe eles não mudam de idéia, né? (haha)

P.V – Conte-nos mais sobre a sua viagem à Europa.

R.F – Cara, foi a coisa mais incrível que eu já vi até agora, ainda mais por eu vir do país que mais gosta de “ostentar” sem poder. Conheci pessoas do mundo todo, de todas as etnias e gêneros e que mesmo com dinheiro não perdiam a humildade. Visitei algumas boates onde as pessoas iam para dançar e se divertir e realmente sabiam conversar e fazer você se sentir em casa.

Eu tinha ido com apenas uma mochila nas costas e consegui voltar com menos roupas e acessórios. Doei tudo pra quem realmente precisava e consegui me virar muito bem, por ser um lugar prático e civilizado. Tirando minhas experiências pessoais, as paisagens eram de tirar o fôlego! Gostei muito dos ‘Cliffs of Moher’ na Irlanda e das ruas de Amsterdã.

Rafael Fragoso visitando os Cliffs of Moher na Irlanda

Rafael Fragoso visitando os Cliffs of Moher na Irlanda


P.V – Quanto tempo você ficou viajando?

R.F – Fiquei 2 meses, pulando de cidade em cidade, dormindo em aeroporto, trabalhando, curtindo e etc. Meu plano era ficar 3 meses ou estender a viagem para outro continente, mas minha namorada estava louca aqui no Rio, tomando conta do nosso cachorrinho. Temos um Golden Retriever com apenas 6 meses de vida com uma energia física de atleta de maratona, aí você já viu. Isso tem sido até interessante porque eu também quero levá-lo nas viagens e isso com certeza será um desafio e motivo pra muitos posts sobre o processo, pois acho que não sou o único querendo viajar com um cachorro de porte grande por aí…

P.V – Então, a sua namorada nunca pode ir nas suas viagens com você?

R.F – Ela foi em todas, menos nessa última à Europa por causa do Simba, nosso Golden. A viagem foi decidida na  última hora e ela, por ser uma garota incrível, me apoiou e ficou aqui cuidando dele pra mim. Foi até bom porque com a experiência que adquiri será muito mais fácil rodar o mundo com eles dois.

Este é o Simba!

Este é o Simba!


P.V – Claro! E como você trabalhou enquanto viajava? Horários, conexão a internet, espaço para trabalhar…

R.F – Olha, eu demorei uns dias pra me acostumar ao fuso horário a diferença entre o Leste Europeu e os EUA fica entre 8-9 horas. Então eu conseguia visitar tudo que eu queria até umas 16h. Eu começava a trabalhar e só parava lá pra 23h30. Depois que você se acostuma com o fuso, é só questão de disciplina e organização. Não é nada diferente de trabalhar no Brasil ou em qualquer outro lugar.

A internet na Europa é muito boa! Eu fiquei “rato” de Starbucks, fiz até amizade com o pessoal. Também, sinal de 4G não era problema. Na Irlanda eu pagava 20 euros mensais e tinha sinal 4G ILIMITADO. Fazia Hangouts e videoconferências no meio da rua e o sinal não me deixava na mão. Era até bom quando eu queria trabalhar ao ar livre, era só plugar o celular no meu computador e trabalhar. Fora da Irlanda as operadoras são um pouco mais caras e não ilimitadas, mas valiam o preço e tinha muitos lugares com wi-fi grátis.

P.V. – E você está planejando alguma viagem para os próximos meses?

R.F – Sim, estou querendo visitar a Ásia, especificamente a Tailândia. Ficamos apaixonados pelos preços e pelo lugar. Pelas minhas contas, o dinheiro que gasto aqui no Rio pra morar 1 mês, eu vivo 3 meses em Bangkok num lugar que seria de muito luxo aqui no Brasil. Esperando a reforma terminar, lançar meu curso e começar a providenciar tudo pra minha namorada e meu cachorro poderem me acompanhar.

P.V – Quais conselhos você daria para alguém que quer seguir a sua carreira?

R.F. – Sempre quando alguém me pergunta isso eu lembro do discurso do Steve Jobs para os formandos em Stanford. Há uma parte do discurso em que ele diz: “Stay hungry, stay foolish (Continue faminto,  continue bobo)”. Nunca pare de estudar, estude muito, todos os dias! Seja humilde sempre, participe das comunidades e eventos sobre as linguagens que você usa ou quer aprender, APRENDA INGLÊS, faça do open source seu café da manhã, sendo com projetos pessoais ou contribuindo para existentes e se jogue no mundo, sem medo.

Eu, quando mais novo, tinha muito medo de não ser bom o suficiente para qualquer coisa, isso me fez perder grandes oportunidades e sempre me arrepender. Depois de muito insatisfeito com isso eu comecei a me arriscar mais e o máximo que acontecia era eu receber um não. Ou falhar e tentar de novo. Mas minhas chances de sucesso aumentaram e pude aprender com as minhas falhas.


P.V –Como o seu curso pode ajudar as pessoas a trabalharem como você!

R.F. –Aqui vão alguns termos técnicos, entendedores entenderão. Há uns 2 anos que comecei a estudar JavaScript mais a fundo e ver que a linguagem ia muito mais além do browser. Hoje em dia o JavaScript é a linguagem mais usada do mundo e com ela você faz praticamente qualquer coisa, sendo aplicações para servidores (back-end*), aplicações front-end** com os inúmeros frameworks existentes, aplicações mobile… a lista é gigante.

Sinceramente, quando eu estava começando com a linguagem eu queria ter feito um curso como esse que estou preparando, que não vai só te dar toda a base sobre a linguagem, como conceitos mais avançados, técnicas e ainda introduzir ao futuro da linguagem, o que é essencial se você deseja estar à frente no mercado. Tudo isso colocando a mão na massa, com grupo privado no slack para tirar dúvidas e fazer networking, exercícios e aulão no hangouts para tirar dúvidas. Não tem nada igual no momento.

P.V. –Esse curso é voltado para quem já tem algum conhecimento? Quem nunca programou conseguirá fazer?

R.F – Meu curso vai do básico a coisas mais avançadas, então recomendo ter um mínimo de conhecimento sobre lógica de programação pra poderem acompanhar, apenas isso.


P.V. – Você acha que existe mercado de trabalho remoto para quem fizer seu curso?

R.F – Com certeza! A linguagem que está mais empregando agora, pelo menos remotamente, é o JavaScript. Você sabendo JavaScript você pode seguir qualquer nicho do mercado, seja back-end*, front-end**, mobile e até projetos com Arduino*** está valendo.

 

ENTENDA

*back-end = aplicações que rodam no servidor
**front-end = aplicações que rodam no seu browser
***Arduíno = placa lógica que você pode programar e extender para criar qualquer coisa. Uma coisa interessante é que você consegue automatizar sua casa inteira usando Arduíno e um pouco de conhecimento de programação, coisas mais avançadas que eu não vou cobrir no meu curso mas gosto de ter como hobby.

Para saber mais informações sobre o Curso, visite o Site JavaScript Funcional.

E você? O que achou da história do Rafael Fragoso? Conte para a gente nos comentários!

Padrão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *