Norte de Papel

A viajante que quero ser

Hoje não serei a viajante que sou, mas sim a que eu quero ser. Hoje entrarei aos museus para desenhar os quadros, e cantarei músicas nas esquinas para entreter os transeuntes.

Nadarei sob a lua na praia com a bioluminescência, e farei um pedido que me transformará em uma das sereias do mediterrâneo. Hoje visitarei todo o tesouro do fundo do mar, me vestirei de todas as jóias que eu puder encontrar, e irei às festas que dão os golfinhos. Voltarei à superfície quando sentir falta do oxigênio que queima meus pulmões e me faz ser de todas as cores como as flores.

Hoje voltarei a ser criança, conversarei com estranhos na rua, comerei mil comidas pela primeira vez e depois pela segunda vez, e nunca mais!Depois me sentarei, não falarei nada por 50 horas, e prometerei nunca mais escrever. Pelo menos não em português.

Entrarei no primeiro trem que passar sem olhar o destino, e abandonarei minha mochila para ir ainda mais longe.

Visitarei 900 países amanhã, aprenderei a falar todas as línguas e depois viajarei para Marte. Beberei água de todos os rios do mundo e decorarei os diferentes sabores para contá-los em um livro.

Com um estalar de dedos já não terei medo a nada, nem mesmo a que um gato me beije. Serei a viajante que sorri todos os dias, que chora em todas as igrejas e que tira fotos em preto e branco.

E então, aprenderei a apenas ser… 

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